ŦŦ_Pátio Interno_ŦŦ

Relembrando a primeira mensagem :

Um pátio bem amplo, que em um caminho leva a uma espécie de altar, onde há uma grande imagem do Buda da prosperidade banhado em ouro, localizado no centro.
Há vários vasos e artefatos antigos em alguns pedestais e uma fileira de colunas cuidadosamente ornamentadas que seguem da grande porta de entrada ao altar.
Pelas paredes existem várias pinturas de uma época feudal antiga e quadros com pergaminhos, com poemas e ditados e alguns avisos sábios.
Fica bem claro que não é um lugar de se travar batalhas nem treinamentos bruscos e sim meditar.

*Entrava no templo, caminhando até uma das paredes, e se guiava por ela, aproveitando para sentir o lugar no tato.*

-... Então o que será dessa vez?

*Parava em um determinado ponto, recostada na parede, tentando identificar com precisão onde os dois estariam.*

- E Baiken-sama? Ela não vinha pra cá?

*Ouvia os sons dos dois dialogando animadamente, se movendo, e manuseando utensílios, até que Himura começava a responde-la. Suspirava logo que ele a chamava daquele apelido idiota.*

- Ô saco... Para de me chamar assim velhote!

*Ficava pensativa sobre o que ele dizia, e abaixava os olhos ocultos pela mascara branca.*

- Na verdade, eu não sei se vou chegar a esse nível algum dia...
Mas se eu tiver que conseguir isso que você diz, eu vou tentar... Eu quero servir a Baiken-sama, Tetsu e ao meu clã.

*Ela tinha um jeito firme de ser e de falar, que por muitas vezes contribuía com aquele jeito meio bruto e arredio que transparecia.*

- Ah, ta bom ta bom! Calma aí! Pff...

*Ouvindo o pedido de Himura, a garota se desencosta da parede, e se aproxima um pouco, sentando-se no chão, onde imaginava que ele poderia observar.
Cruzava as pernas de forma bem relaxada, e apoiava as mãos sobre os joelhos, deixando o rosto meio baixo.
Respirava fundo algumas vezes, buscando se tranquilizar de qualquer coisa que estivesse a perturbando no momento e se concentrar em seu fluxo de chakra por algum tempo, e logo suas mãos começam a brilhar um pouco azuladas.*

“...Meu chakra...em minhas mãos...Extensão de mim...
Não...”

*Engolia seco, respirando fundo algumas vezes discretamente, como se algum detalhe atrapalhasse sua concentração.*

*Ouvia o comentário confiante e positivo de Himura com algum alívio, pois sentia uma certa insegurança por pensar que poderia não alcançar o nível necessário para que Baiken a ajudasse como queria, e achava tão provável que isso acontecesse.
Respirava profundamente quando ouvia o conselho de Himura, seu corpo estava relaxado, mas sua mente parecia não conseguir cooperar tanto quanto queria. Era inevitável conter certos pensamentos desagradáveis, mas continuava tentando.*

“Não quero estar em outro nível? Não quero sair disso!? Por que eu não consigo!?”

-...

*A sensação de estar lutando contra si era frustrante, mas continuava respirando em silencio, buscando imaginar o chakra em suas mãos.*

“...Por que teve que acontecer isso...Idiota.”

*Respirava profundamente mais uma vez, para conter a raiva e angustia que começava a sentir.*

“...Não. Isso não pode me atrapalhar. Não merece espaço nos meus pensamentos.”

*Sua concentração voltava a melhorar um pouco mais, mas ainda assim parecia não passar de um certo estágio, ainda assim continuava tentando.*

*Ouvia sem querer Yukio dizendo que iria sair, e conseguia sentir um tom cauteloso em sua fala. Será que apesar de tudo estava transparecendo o que sentia? A raiva e a frustração começavam a ficar mais fortes, mas continuava tentando esvaziar sua mente, até que ouve Himura se aproximando e se esforça ainda mais para continuar o que estava fazendo, mas ao sentir seu toque, apenas rebatia sua mão com força.*

- Não me toca!!

*Se erguia de uma vez, e logo percebia que talvez tivesse o machucando pelo chakra concentrado. Sem hesitar, afastava a máscara para cima para olha-lo e se aproximava com uma expressão extremamente preocupada e angustiada, haviam lágrimas em seus olhos, que caiam ao ouvir suas perguntas.*

“Mas que droga!! Ele só quer me ajudar...! Por que fiz isso!?”

-... Me desculpa. Eu...Eu te machuquei?! Eu te machuquei!?
Eu não queria...!

*Sua respiração ficava ofegante e ela parecia um pouco tremula, estava extremamente arrependida e preocupada.*

*Não conseguia deixar de olha-lo assustada. Sentia seu coração disparado e buscava ver a mão dele, angustiada em pensar que poderia tê-lo machucado, e se surpreendia com seu sorriso amigável, que lhe causava alívio e medo...
Desviou o olhar para o chão imediatamente ao ouvir sua voz gentil, tentando entender o que tinha acontecido, não conseguia deixar de se martirizar pelo que poderia ter causado, muito menos se mexer com a aproximação de Himura. Sentia sua face esquentar de vergonha enquanto suas mãos eram frias, mas se obrigava a não reagir de forma alguma ao seu toque por vergonha de como tinha agido enquanto ele buscava ajudar. Tentava olha-lo diretamente através das lágrimas em seus olhos tristes, e ele saberia o quanto aquela proximidade a incomodava, permanecendo em silencio por um tempo, como se estivesse buscando palavras ou, por algum instante, ar. Tentava respirar com mais calma, procurando calar a angustia que sentia em sua garganta, até conseguir falar com a voz bastante embargada.*

-... Não. Você não...
Eu só não...consigo parar de lembrar...

*Apertava as mãos como se buscasse forças e coragem de falar, e engolia seco. Jamais falaria nada sobre si para alguém, quem dirá alguém que mal conhecia, era muito difícil.*

-...São coisas que  eu...não lembrava mais fazia tempo.
Desde que...conheci Tatsuma... Eu não lembrava mais, eu... Acho que me distraí...Eu confiava...
Eu...Eu pensava que ele era meu amigo...Mas toda essa droga aconteceu...E eu não entendi por que...
E eu...Eu não consigo mais parar de lembrar...

*Mantinha seus olhos no chão ao falar do assunto, sem conseguir segurar as lágrimas, mas permanecia petrificada, sem conseguir paz. Não teria como ele entender o quanto a forma como Tatsuma havia a agredido tinha a machucado, além do sentimento de traição que sentia. Sentia seu coração aos sopapos, e respirava fundo, ficando novamente em silencio, pensativa, mas acabava falando com a voz bem fraca.*

“Como posso falar disso...”

-...São coisas...horríveis...

*Continuava envergonhada e chorando, e voltava a ficar assustada ao sentir seu afago de Himura e ouvir seu pedido. Ele a olhava sorridente, como se pudesse ajudar, mas a verdade é que não acreditava que ele conseguiria. Nunca antes tinha falado de sua vida para ninguém, quanto mais um homem recém conhecido. Sentia-se muito envergonhada, e apenas a idéia de que ele estava querendo ajuda-la que a mantinha ali.
Envolvia o rosto corado com as mãos frias, tentando secar as lágrimas enquanto observava o gesto do Shinsora. Ele estava certo, mas o olhava tristemente em silêncio por um bom tempo sem saber o que fazer, sentindo seu coração acelerado.*

“E agora, o que eu faço!?”

-...Eu não sei se posso...Eu era muito nova...Nunca falei disso com ninguém.

*Abaixava o olhar triste, parecendo confusa, por algum motivo tinha medo de decepciona-lo, mas como poderia confiar tão facilmente em alguém novamente? Aquilo parecia insano. E era visível seu medo por estar tendo aquela conversa.*

"Ahh...ainda bem!!"

*Ouvia o que Himura dizia com grande alívio, observando-o enquanto se levantava com aquele sorriso otimista e dizeres tão gentis. Fazia um sinal positivo ainda bastante emotiva, e limpava os olhos apesar de ainda chorar um pouco, abaixando a mascara novamente, se erguendo.
Fazia uma reverencia à Himura em agradecimento à sua gentileza e preocupação.*

- Escuta...Obrigada por tudo, Himura!
E me desculpe por isso...
Não demoro.

*Se apressou até a porta tateando o ar como podia, e a empurrava saindo dali para o pátio externo.*

*Adentrava o templo com passos bem firmes quase como se marchasse, fechando a porta atrás de si, e seguia na direção de Himura, tentando parar há alguma distancia, e se ajoelhava, inclinando-se até encostar a testas no chão em um tipo de reverencia, gesto comum de pedidos de perdão.
Era claro que tinha um senso de ordem e hierarquia bem rígido para uma garota shinsora, e parecia querer levar aquele treinamento e a figura de Himura muito a sério.*

- Himura sensei! Me desculpe por não ser eficiente e atrapalhar o treino, e também pelo que lhe fiz.
Eu vou fazer o que puder pra isso não se repetir!

*Aguardava alguma palavra dele, imaginando que poderia estar decepcionado e chateado por telo batido e por tudo que viu, mas não iria recuar, mesmo que fosse esse o caso. Cada vez mais sabia das suas limitações e percebia o quanto tinha que mudar.*

“...”

*Erguia o rosto ao ouvi-lo falar, e quase conseguia imaginar a cena do que estava fazendo, afinal também ouvia o barulho de seu mastigar e da colher contra a cuia. Ficava extasiada pela simplicidade de sua resposta, e se mantinha em silencio o ouvindo explicar pela décima vez aquilo que não conseguia compreender, mas que a enchia de esperança e uma estranha alegria.*

“...Mas por que...? Por que ser tão bom com alguém como eu? Alguém que nem conhece...Como pode confiar em mim assim Himura?Por que perder seu tempo?”

*De repente, se lembrava de quando havia conhecido alguns familiares Shinsora, uma família de quatro pessoas e outra de três que a acolheu por um breve momento na ausência de seus pais, um momento que já havia esquecido, um momento que não passou bem como começou... Apesar de achar difícil compreender, seu coração batia mais forte ao perceber que não estava só, fosse pela bondade de Himura, ou de Yukio, ou de Baiken. Deveria ser eternamente grata pelo esforço e paciência deles em ajudar.*

- Sim! Conte sempre comigo Himura sensei!

*Se erguia ao ao ouvir as instruções do jounnin, e respirava fundo, demonstrando ânimo e determinação em treinar, se posicionando de uma forma mais séria, com as mãos espalmadas, com as palmas voltadas para si, e começava a se concentrar em seu fluxo de chakra. Passava alguns minutos em profundo silencio, trabalhando em imaginar o fluxo de chakra exacerbando pelas suas mãos como Himura havia pedido da outra vez, até conseguir sentir a sensação morna da concentração em suas mãos.*

“...Então é isso...”

*O direcionamento da voz de Himura era extremamente forte em sua mente, mas dita daquela forma suave, não chegava a atrapalhar sua concentração. Mantinha sua postura, imaginando o fluxo como ele descrevia, e buscava naquele sentimento de tranquilidade momentâneo o equilíbrio para conseguir extravasar mais chakra por suas mãos. Sentia seu corpo e sua mente leves, a ponto que mal percebia sua própria respiração. Era uma sensação meio anestésica, assim como seu silencio absoluto, mas toda sua concentração e foco estavam no chakra em suas mãos, caberia a Himura observar seu progresso e sua capacidade e intervir quando achasse necessário.*

-...

*Pensava ser parte de sua imaginação sobre o seu próprio fluxo de chakra, o som que ouvia vindo de suas mãos, e por algum motivo, aquilo era apenas mais um elemento para apurar sua concentração na meta que queria atingir. Idealizava alcançar um nível mais alto na forma que detinha em mãos, algo como uma lâmina média, maior do que vira Himura fazendo.*

“Minha extensão...”

- Shh....

*Mesmo sem perceber, sua respiração ficando um pouco mais pesada, e seu corpo transpirava pela exigência daquele exercício, ainda assim, seu foco era a apenas a lâmina em suas mãos, e todo o resto estava muito distante agora, de forma que mal conseguia ouvir o comentário de Himura bem a sua frente.*

"Onde eu...?"