ŦŦ_Bosque Tetsuko I_ŦŦ

- Olá... - Uma voz tranquila rompeu junto dos sons da floresta, direcionada para a menina que estava próxima de alguns galhos de uma daquelas árvores. - Posso ajudá-la em alguma coisa? - Sagara disse, esboçando um sorriso gentil, sem muitas pretensões aparentes. Estava caminhando por aquele trecho e se deparou com aquela garota. Tinha a impressão de já tê-la visto alguma vez, mas nada com muita certeza.

Sagara sentiu falta de algo, ou melhor, de alguém. Com uma certa formalidade, procurou disfarçar a dúvida quanto ao paradeiro de sua irmã. Tinha certeza que ela estava ali, ao seu lado.

"Impossível..." - pensou, arrastando seu olhar para toda a extensão da floresta sem utilizar nenhum mecanismo ou artificio ninja. Ao fitar a jovem da árvore novamente, lembrou de sua presença. - Ah, perdão... É que talvez eu tenha perdido minha irmã de vista... Aqui parece ser fácil de perder alguém ( e se perder tbm, talvez). Sagara estava ali, da forma mais simples que poderia. Sentia-se a vontade naquele lar verde e não permitiria qualquer coisa interromper sua conexão. A não ser algumas memórias.

Abruptamente a jovem que Sagara viu, vinha em sua direção. Não entendeu a princípio, mas logo que seus questionamentos foram jogados na sua cara, começou a entender a situação. Quando a jovem se aproximava de punhos cerrados, numa velocidade gigantesca uma ventania cintilante descia de cima para baixo, atravessando troncos e galhos que estivessem em seu caminho, partindo na direção a qual a menina estava prestes a alcançar. Junto com o vento violentamente preciso, uma brisa forte salpicava o ambiente verde com orvalhos d'água.

"Izou..." - Assim que viu a desenvoltura daquela técnica, o Raikage percebeu de cara que sua irmã era a autora do magnifico movimento. Mas também sabia que se acertasse Mayli seria fatal. Tudo parecia transcorrer num demorado segundo. Por sorte, Sagara trainara habilmente seu raciocínio em grandes velocidades, não apenas seus movimentos. Seu reflexo ajudou.

(SPLAASHHHHH......TH....TH....HH....) Uma pancada forte e afiada que se desfez sobre o fio da katana branca de Sagara. Um pilar dágua escorria da lâmina, descendo pelos troncos e sendo engolido pela terra. Mayli poderia perceber que à sua frente estava Sagara, com a katana empunhada para  o alto. Seu corpo criava uma sombra sobre seu rosto. Quando menos esperou, a voz calma de Sagara soou, trazendo à tona velhas recordações para a menina de quem ele foi, e agora  o que ele é.

- Nunca soube que os representantes de uma nação nunca estão sozinhos? Tome mais cuidado - recompôs a espada na bainha. Finalmente encarou Mayli nos olhos. Não com raiva ou sentimento semelhante, mas com uma certa pena. Quando menos perceberam, alguns pedaços de troncos e galhos, juntos à folhagens, cairam. Um atrás do outro, todos com cortes perfeitos, resultantes da trajetória que a Espada d'água que Hadara lançou para evitar o ataque da menina, com a finalidade de abate-la; Sagara se perguntava onde ela estaria agora, mas preferiu ignorar isso.

- Eu estou atrás de Miyume... Eu a perdi. - Um nó duro e pesado arrastou sua voz - (...) Talvez para sempre... - O olhar de Sagara fitava os de Mayli com precisão, dessa vez, transmitindo grande tristeza.

- Mas irei buscá-la. Apenas peço uma coisa... - veio uma pausa em suas palavras.

Sagara parecia calmo, mas por dentro, a forma que a menina lhe lançava questionamentos que abriam feridas profundas, minavam sua boa consciência. Sua expressão transmitia sofrimento, mas aos poucos, os lábios se distorciam em uma linha ascendente, erguendo um dos cantos da boca.

- (...) Que não se meta em meu caminho.

Sagara estava de costas. Aquelas palavras vieram como um açoite que arrebentaram sua Alegria. Não pela difamação, mas por resgatar uma lembrança que não era tão verdade... Ele, apelas ele, sabia que sua partida teve  o intuito de  um dia retornar mais forte para  protegê-la de qualquer pessoa ou incidente, o que não era tão possível na época em que a conheceu, que sentiu seu coração e lá decidiu permanecer.... Algumas cicatrizes lembravam sua fraqueza de tal época. Aquelas linhas que torturaram seu amor e lhe fizeram sangrar...

Ergueu o rosto e viu o companheiro da garota abandona-la. Algo perturbava sua alma e suas ações afastavam os mais queridos. O Raikage, lentamente, voltou-se para Maily e sorriu. Uma parte dele preferiu testar o rancor que ela nutria e para que aquilo serviria. Decidiu mostrá-la que aquilo não era uma arma, era algo inutil. Mas palavras não adiantariam com uma garota tão transtornada...

- (...) Eu não a protegi... - Sacou uma de suas Katanas - (...) E a abandonei. - Tomou a outra Katana sob o poder do outro punho.

Era tudo a mais pura mentira, e de grande dor. Sagara estremecia a cada palavra daquela. Mas estava decidido a fortalecer aquela jovem, a destruir suas emoções para que tivesse um motivo mais tangível para alcançar. A testar sua força e orientá-la do modo que soubesse como agir no momento apropriado. Mas antes, era preciso saber  o grau de ódio que surtia daquela jovem. Suas dores, suas lágrimas... Sagara queria ver tudo isso tornando em Força e Sangue.

- (...) Simplesmente para que  um dia eu a resgatasse, e testasse o meu atual poder. - Exibiu-se como um egoista. Um mau feitor. Lançou a Katana prateada para que Maily pegasse, enquanto ficou com a negra, desenhando algo no tronco de uma das árvores.

"Miyume"

Se pôs ante a árvore, apontando a lâmina em sua direção enquanto não emitiu um único ruído. Após três minutos intermináveis, sua voz grave soou:

- Veremos se conseguirá, pelo menos, encostar no nome de Miyume. - O desafio estava lançado. Seu intuito era mostrá-la que seu corpo deveria acompanhar o rancor de seu coração. Suas intenções seriam vazias se estivessem solitárias.

Abruptamente, a katana fora repelida para longe, atingindo uma das árvores dali, ficando fincada.

Os olhos de Sagara moviam-se de forma antecipada, supondo os movimentos insanos da jovem Shinsora. Quando A mesma parte para cima, detalhes eram acrescentados às pernas da jovem junto de uma armadura de plumas. Seus movimentos eram mais habilidosos que velozes. Mas dificilmente alguem perceberia aquilo. Bastaria uma instrução...

Quando o punho da jovem se aproxima do rosto de Sagara, à alguns centímetros, surge uma lâmina aplumada de seu corpo. O Raikage desvia à lateral, tendo a superfície do rosto arranhada parcialmente. Notou que não poderia subestimar a jovem.
Quando menos esperou, O movimento da lâmina se curvava com incrível maestria, visando rasgar seu peito. Com o uso de seu punho, alcançou o cotovelo de Mayli, limitando o alcance do corte ao ar, somente.

"Interessante" - Sorriu, sentindo uma dor insignificante, proveniente do pequeno arranhão no rosto. Sagara percebeu que as árvores mais próximas surtiam como apoio para os movimentos da SHinobi. Quando a vibração do tronco ruiu, repentinamente Mayli descia de cima para baixo numa investida violentíssima. Sagara não desviou, quis sentir a força de seu golpe. Seu antebraço se encaixou no punho do outro braço e sentiu a explosão de força empurrá-lo para baixo, destruindo a proteção de ferro que tinha no local onde foi atingido.

Essa foi muito potente... Quase quebro o pulso por simplesmente apoiar o antebraço para me defender. Se não fosse a proteção de ferro, teria perdido o braço...

Um galho ali próximo, onde estaria uma companheira de Mayli, se rompe com o impulso.

"Novamente, outra árvore..."

E assim continuou as investidas incessantes, apoiados pela loucura da jovem Shinsora. Sagara via o desenho de seus movimentos no ar com precisão, estudando as fraquezas de tamanha investida. A dedução foi lógica.  num limite ínfimo de segundo, um ***corte perfeito atravessou todos os troncos num raio de 15 metros. Os pedaços tombavam, espalhando folhas e pássaros que ali residiam. Restou apenas Sagara ali, no centro, e Mayli.

***:Kaze no Yaiba (Espada de Vento)
(Rank: B
Descrição: Concentrando chakra na mão, o usuário corta o ar, criando uma lâmina de vento. )


- E então?... - Retirou o bracelete estraçalhado do antebraço, deixando que caísse -  (...) Sem impulso das árvores mais próximas, seus ataques carecem de velocidade e potência. Deveria tentar utilizar as asas de suas pernas para esmagar o ar para criar o mesmo impulso - Sua voz estava carregada de sarcasmo - (...) Ou o pássaro não sabe lutar sem obstáculos? - Sorriu sem demonstrar os dentes, acariciando o topo da lâmina negra que agora riscava o nome de Miyume na única árvore que estava de pé nas proximidades daquela luta.

- Você não chegou nem perto de alcançar Miyume... - Brevemente, Sagara fez um selo tão veloz que Mayli não percebeu. Seus olhos não poderiam acompanhar tal velocidade, ainda. A árvore que estava atrás de Sagara logo tomou a forma de uma menina de cabelos Negros que dançavam ao vento que corria entre eles na floresta. Uma menina bela que estava de joelhos enquanto seus pulsos estavam presos por correntes. Seu peito estava coberto apenas por uma atadura enquanto seu pescoço estava sangrando através de feridas que formavam  o nome: Miyume.



- (...) May...li... - o timbre doce de Miyume chamou pela amiga, contorcendo-se de dor enquanto se banhava com o próprio sangue.

Sagara fitava a Shinsora com uma certa seriedade. Inclusive Kairu. - Mesmo Miyume estando aqui, perto, você não é capaz de salvá-la... - Sagara falava com grande seriedade. Seu rosto parecia mais triste que sério. Sua lâmina negra riscava  o chão enquanto Miyume chorava ali, atrás dele. Elas poderiam não perceber de imediato, mas algumas lágrimas caiam dos olhos do Raikage.



- Isso é tudo... Que você tem para defendê-la? - Disse baixo, um tanto desapontado.

Quando o Chute de sequência estava na eminência de atingir a garganta de Sagara, uma grande linha de titânio agarrou-se à perna da jovem Mayli, arrancando-a dali com muita força. Graças à plumagem que havia em sua perna, não a perdeu. Era como se alguém soubesse desse detalhe para não machucá-la com grande consequências; Em pouco tempo, Mayli estava longe de Sagara, que só a olhava sem entender  o que estava acontecendo, fitando algo que estava às costas da jovem. Aquilo, definitivamente, não foi previsto por ele. Mas ele sabia quem era  o responsável, tido por seu semblante de indiferença.


"Quanta confusão... Que diabos essa menina acha que está fazendo? Ela quer morrer?!"


Um jovem franzino de cabelos amarelos desbotados pelo Sol surgiu ali, estranhando a situação enquanto olhava Mayli ser arrastada até ele. - (...) Ninguém pode ir pra cima dele desse jeito. Tá pirada, sua maluca?! - Fez uma careta involuntária - Fica quieta aí! - Puxou três fios e Mayli foi novamente arrastada, estando no centro de uma teia de fios que estavam emaranhados em umas 5 árvores diferentes lá atrás. Suas pernas estavam muito separadas uma da outra e seus braços bem abertos. Poderia ver aquele "menino" caminhar até o Raikage e falar alguma coisa.

- Perdão a demora, Raikage. - curvou-se ali de forma breve, tirando a poeira de um dos joelhos - Mas sério, o que pretendia deixando uma menina dessas te enfrentar desse jeito? Isso é doideira... - os modos dele eram totalmente inadequados, mas Mayli pôde sentir que ali, aquele menino com um corpo aparentemente frágil possuia algo muito maior por trás daquela aparência. Uma das provas estava na força e na forma como foi capturada com aqueles fios. Não parecia ser a força de um adolescente. Nem de  um adulto!

- Ela vai se soltar em breve dali se for habilidosa. Eu nem apertei tanto... - a cara de indiferença de Sagara estava constrangendo - (...) Não espero ser punido por estar cumprindo minha obrigação. Tu saberias que seria muito injusto de sua parte. E sabe bem que sou bem mais velho que você. De uma forma, me deve pelo menos respeito, sim? - Aquele diálogo não parecia ter muito sentido. Um menino ter tamanho acesso a um Raikage e a forma como o tratava parecia muito... Próxima.

Após algum tempo, o Jovem retornava até onde Mayli estava. Sagara ficou no mesmo lugar, sem dar uma única palavra, guardando sua katana. Ainda faltava uma.

- E então... - O jovem olhou para cima, tentando enxergar o rosto de Mayli - (...) Que porra foi essa que você estava fazendo?! - Questionou a menina, afrouxando ainda mais os fios sobre o seu corpo. Logo encostou na menina, aplicando um selo.

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Kanashibari no Jutsu
(Técnica de Paralisia de Corpo Temporária)
Quem usa: Orochimaru, ANBU
Rank: A
É um ninjutsu avançado que temporariamente paralisa um indivíduo ou um animal.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!! PARA!!!! - tentou tapar os ouvidos, mas ja era tarde. Olhou para  o alto e viu várias aves alçando voo. Agora só ouvia um zumbido profundo se alastrar na sua audição. Mal ouvia a própria voz. - O que essa retardada fez??! Sem necessidade nenhuma! - Acertou um chute no quadril da menina que estava  no chão, fazendo seu corpo rolar para a lateral umas 5 voltas. Hugain estava irado, detestava a sensação de não ouvir praticamente nada. Fitou a menina no chão e reparou nas curvas de seu corpo, sentindo algo quente nascer dentro de si. Seu corpo parecia querer reagir àquilo.

- Er... Bom, eu vou levá-la comigo. Talvez ela precise de cuidados médicos... - Sem esforço, suas mãos pequenas apalparam os glúteos da jovem Shinsora, apoiando seu corpo no ombro franzino do jovem raquitico. - (...) Acho que a Kage daqui poderá cuidar dela, não? - Olhou para  Sagara e procurou uma resposta que não teve. Ficou no aguardo, já imaginando que ele não iria se importar com o que ele fosse fazer àquela menina tão atraente.

- Bom, vou indo... Depois eu encontro com você. Não vá morrer antes de encontrar aquela Kynimamoto. Afinal, quero ser padrinho de casamento! - Acenou com uma das mãos enquanto se afastava, levando Mayli consigo.

- Fique brava comigo não, ok? Só fiz te ajudar... E isso só porque te achei gostosona. Fala sério, ninguém pode negar uma coisa dessas - Foi falando besteira, chegando um momento em que esqueceu que a menina estava apagada. Andava de forma estranha e até engraçada, cortando caminho até chegar à sala de Baiken.

Viu a chegada de Hugain, e apenas o observou. Nada comentou enquanto via a jovem fitá-lo como um demônio e ser arrancada de uma improvável vingança contra aquele que estava de pé, vendo-a ser arrastada pelo chão sem que nada pudesse fazer.


" Uma determinação frágil e persistente..."


Hugain, ao longe, estava armando sua teia de feras da maneira mais amadora que já havia visto. Parecia proposital, julgando pela facilidade que Mayli conseguiu lançar-se dali e emitir um grito terrivelmente agudo. A floresta respondeu com o espantar de várias criaturas que abandonaram a região, gerando um grande farfalhas das árvores. Sagara tapou os ouvidos velozmente e ainda assim, sentiu os timpanos vibrarem com força. Reconheceu novamente a força de vontade daquela jovem e sorriu, dando as costas. Saiu caminhando, olhando para o céu enquanto ia embora daquela nação. Muito tempo passou desde que Miyume estava desparecida. Chegou realmente o momento de vê-la outra vez. De recuperar o que sempre foi seu.


" Não esperarei mais... Você tem sorte, Miyume. Possui grandes amigos... Espero vê-los novamente, mas como aliados... e mais poderosos..."


Antes de sair, fez alguns selos*** e,partiu, deixando para trás uma katana bela e reluzente, de prata apurada. Estava fincada sobre o único tronco de árvore que existia de pé num raio de alguns metros. Estava sobre o nome Miyume.


*** será dito quando alguém se aproximar da katana.

Quando a bela Katana teve sua empunhadura tomada por Tatsuma, Sua mão entrou em contato com um selo que havia ali. Era como se fosse um genjutsu em forma de selo físico, o qual reagiu de forma imediata. O jovem pôde sentir-se cair em um abismo profundo,onde os sons da floresta deram lugar a murmurios e sons de desespero, iniciando por um grito feminino.


As trevas cederam e deram espaço a um lugar nobre, que existia no cume de uma grande montanha branca. O grito havia vindo do topo, tendo como repercussão uma gritaria e um corre-corre por parte de muitos cidadãos, fugindo daquela morada. Um deles correu na direção onde Tatsuma vislumbrava tudo aquilo, atravessando seu corpo como um fantasma. Em questão de segundos, uma aura negra, cuja densidade esmagava o solo se alastrou, destruindo a casa de dentro para fora como uma explosao, sendo possivel ver um homem de porte alto e forte, com cordões dourados em volta do pescoço com uma criança nos braços. Ele saia dali. A criança foi deixada nas proximidades enquanto o homem forte retornou, mergulhando, munido de uma armadura de chakra do elemento raio, dentro da grande aura negra que só vibrava e crescia, aniquilando tudo o que tocava. Uma ventania poderosa soprou para todos os lados, restando uma veloz energia negra que disparou em todas as direções, acertando a criança que foi deixada no chão, no peito, curiosamente, sem matá-lo. Em segundos, aquela aura escura ia se ampliando, e todo o ambiente de guerra e destroços que Tatsuma via, era consumido pela escuridao pouco a pouco até ser total.

Novamente, uma luz surgiu das entranhas das trevas. Uma visão desfocada onde Tatsuma via aquele homem forte caminhar em sua direção, trazendo nos braços uma mulher pálida de cabelos longos e negros - ela lembrava demais a aparência de Miyume.





- Mama!!! - Uma voz infantil, exasperada, irrompeu. E aquela criança que havia sido deixada ali correu em direção àquele homem. Seu choro era coberto pelo desespero de tentar acordar aquela mulher que agora fora deixada no chão. Estava morta. As tentativas de reanimá-la era em vão e aquele homem sabia disso. - Não, filho... Ela já não está entre nós... - O que dissesse, não iria acalmar o garoto que se debatia sobre o corpo de sua mãe, puxando seus cabelos, querendo um abraço que jamais teria de volta. Sua tristeza converteu-se em soluços tristes e desejou nunca mais sair daquele colo frio e macabro. A mão forte de seu pai tomou seu ombro, puxando-o para trás. - Sagara... Venha. - E assim ele foi, levado contra sua vontade pelo Raikage. Via o corpo de sua bela mãe ser deixada aos cuidados de alguns ninjas médicos que apenas olhavam o garoto. Perceberam a tragédia que aquilo geraria na vida daquela criança, arrancada do único lar sensível que tinha para dosar com a brutalidade do rigor desmedido do pai, que o obrigou a engolir o luto no mesmo dia, convertendo sua tristeza em força para controlar o mesmo "mal" que ele herdou de sua mãe. Os anos passaram, Tatsuma perceberia isso tendo em vista as estações que voavam sobre o cenário e o crescimento do garoto sério que dificilmente saia da sombra da árvore a qual sua mão estava enterrada ao lado. Em suas mãos, Sagara guardava com grande esmero uma Espada de beleza inigualável. Era a mesma katana que Tatsuma tocou, ela pertencia à mãe de Sagara. Aquele lugar belo e solitário era seu santuário particular. Mas, em um momento, arrancaram aquele tronco sob ordens de seu pai, que observava tudo ao longe de braços cruzados, desejando que seu filho não tivesse fraquezas. Aquilo gerou um furor extremo no coração daquele jovem, levando-o a fugir. Quiseram seguir o filho do Raikage, mas por ordens do mesmo, não continuaram.


Restou apenas menino fugindo sob a visão de seu pai, que via tudo de longe, do alto de um grande templo.


O jovem havia crescido novamente, e encontrou, em sua revolta longe de casa, alguém que via como um porto seguro. Uma jovem que tinha todas as características de sua mãe: Miyume. Em alguns momentos, Tatsuma viu o relacionamento dos dois crescer, ganhar raízes e tornar-se algo belo e puro. O amor tornava-se fato em beijos breves, abraços, treinos e um combate que sofreram na floresta além da vila, o que plantou em Sagara uma grande tristeza por ter se visto incapaz de defender quem gostaria; e, por fim, O amor dos dois ser consumado da forma mais livre e humana. Ambos tornaram-se um só - sem maldade, sem urgência... Dali, o coração do jovem recobrou o combate onde viu sua fraqueza, onde não conseguiu defender aquela que amava como deveria. Isso o afastou. O amor foi ficando distante, dando margem a ressentimentos antigos... Adquirir poder para vingar o nome daqueles que não podiam mais levantar dos túmulos. Poder para não ver mais quem importa morrer diante de seus olhos. Poder para... Domar o maldito legado de sua mãe. Nesse instante, Tatsuma é capaz de perceber o Jovem Sagara ir embora de uma vila que o acolheu, deixando para trás toda a gratidão e vida mansa, que o impedia de adquirir o poder tão desejado. Deixando para trás também Miyume...


Kakashi surgiu em primeiro plano, tendo seu coração atravessado por uma katana negra que emanava energia Raiton misturada a uma cor densa como as trevas. Seu corpo foi enterrado próximo à floresta onde Tatsuma estava, 500 metros além do limite da vila, sobre uma rocha vermelha, tingida pelo sangue do próprio Ninja. Depois, várias outras vitimas. Faces desconhecidas apareceram ao chão de terra, arrancados de seus corpos pela mesma espada. Um verdadeiro banho de sangue.

Toda aquela visão culminou em um ambiente familiar ao que viu em primeira instância naquele selo. O mesmo monte onde a mulher manifestara seu poder Kinimamoto, agora novamente surgiu, sob a luz de uma grande tempestade e chuva, onde varios relâmpagos e estrondos de trovão ecoavam no topo, vaporizando terra e rochas. Lá, diante de tudo isso, dois homens lutavam. A platéia estava distante, como Tatsuma que via aquilo de onde estava. Haviam vários shinobis ao seu lado, observando a mesma cena em espanto e medo.

- Porque ele está tentando matar o próprio pai? Será massacrado... - Um deles disse, sendo respondido por outro: - (...) Eu não sei.. Sagara não parece ser do tipo que voltaria sem uma carta na manga. Eu estava lá, naquele dia, ha 13 anos... Vi o medo em seus olhos, o pavor de ter sua mãe tomada de seus braços pelo próprio pai. Algo o fêz voltar... Ao ponto de fazer algo que provavelmente custará sua vida. Acredito que hoje é a chance que temos de ser libertos da tirania do Raikage pela mão do próprio filho. - Um homem velho falou, mostrando uma certa esperança. Muitos encaravam a cena com receio, mas, la no fundo, desejavam que o filho vencesse. .


...


- Tatsuma... Compartilhei com você uma fração da minha história... - Era a voz de Sagara. Tatsuma agora via que tudo foi uma visão poderosa. Algo que foi intencional, talvez, exatamente para ele. - Não se trata apenas de minha vida... Mas da linhagem que corre em minhas veias... Um dos laços que me ata à Miyume. Aqui te revelei meus pecados... O paradeiro de Kakashi e uma ideia de onde estou indo agora... O destino que me orienta, está na base dessa espada. Não apenas no nome gravado, mas no que ele me representa. Peço que guarde a espada...

Um dia irei buscá-la.