- Fonte Mista - ŦŦ

- Ah, saquei... Uma fonte. - Concluiu ao pisar ali, mas logo reparou na cara de bons amigos de Baiken. Ignorou o mau-humor e sentou-se ali perto, olhando o corpo de Mayli ser averiguado. - Ela não sofreu nada não... O Chefe nem fez nada e eu fui bonzinho. O problema é que ela se esgotou em ir com muita sede ao pote. - Suspirou, mas logo espirrou forte - AaaaaaAAAAAAAAAAAAAAAAATHCIIM!!!!! -  afastando do rosto da menina, virou a cara bem à tempo, acertando quem estava atrás dele, isso é, se houvesse alguém ali.


- Droga, Detesto quando isso acontece... - Enxugou o nariz com a gola comprida da roupa que usava. - Enfim, Não demore, por favor. Apenas vim mesmo para avisar sobre  o que aconteceu... Realmente vou precisar ir andando  o quanto antes. - Sua atenção mudou juntamente com sua personalidade. Fitou uma fração do céu, lembrando no objetivo de Sagara e onde talvez ele estaria agora. Nunca gostou de admitir, mas estava começando a se preocupar com o ritmo dos fatos que envolviam o neto daquele que foi meu melhor amigo no passado.

- Nossa, que mulher mais atrevida. - Disse um pouco chateado, fazendo beiço, enquanto percebeu que suas palavras eram ignoradas.

- Você continua ingênua, mesmo em muito tempo... Acha mesmo que quando ela for enfrentar um adversário ele vai tratá-la com menor rigidez porque " ah, ela não está em Raigakure, vou maneirar com ela."; Ou acha que  o inimigo só vai se deparar com ela quando ela for jounnin ?! É ser otimista demais com esse mundo miserável.  Não é atoa que sua raça se perdeu inteira, restando apenas você. Todos pensavam assim... Lembro como hoje... Parece que esqueceu o que passou e  o que a fez sobreviver a tudo isso - Ser forte, independente de idade, ou de "fronteiras". Não permita que o mesmo erro seja herdado por aqueles que te seguem, Mitsuki. Tempos de paz nunca existiram... O que existem, são tempos de treino... Nada além disso. - Sua voz ecoava de maneira firme, mas divertida como se tudo aquilo fosse uma verdade engraçada - o que realmente todos ali sabiam que não era. Baiken poderia ignorar, mas saberia que tudo o que ele dizia tinha  um grande lastro de verdade, e ela também sentiu essa "verdade" no próprio sangue.


Livre, o corpo de Hugain moveu-se devagar, colocando a mão na fissura que havia abaixo do braço. - Quase perco o meu clone, ainda bem que esse aqui é de pedra. - ironizou, olhando para  o sarcasmo do servo de Baiken. - (...) Você se diverte com a desgraça alheia? Um dia irá provar rir da própria morte, garanto que será bem divertido... Para todos. - Sorriu de forma sutil, deixando um olhar amigável para trás.


- E, Mitsuki, Lá, ela não será  um pedaço daqui. Ela será Mayli Shinsora, apenas. Esse tipo de fidelidade, no fim, apenas o próprio Shinobi poderá dizer. Infelizmente. Prometo trazê-la inteira e viva, e com a integridade conservada -  nada além disso. - Caminhou em uma direção aleatória,sentando-se onde desse.

- Ah, tranquilo. Vou esperar só saio daqui com ela ( <3 ). - Logo retirou de  um dos bolsos uma revistinha em quadrinhos. - Enquanto ela se recupera, vou ficar lendo um pouco.

- "Atingir"?... - Sorriu, repetindo o que ouviu daquela serva de Baiken. Concluiu sem esforço que não adiantaria falar algo para aquele tipo de gente - eles jamais entenderiam alguma coisa. A que talvez entendesse, agia de forma totalmente desconsiderável para ele.

Se a mestra era daquele jeito, imagine os servos.

Estava atento ao gibi que tinha em mãos, sentindo uma certa pena da situação que estava envolvido. Ali, perdeu todo o carisma que ja teve por aquela jovem ingênua demais para a idade que tinha. Era Kage, mas ainda conservava princípios pacíficos demais para aquele mundo.

- É, eu pensei que conhecesse, mas a situação realmente é bem pior do que eu poderia supor. Não conheço esse tipo de gente. Apenas observarei, nada além disso. - Não tirou os olhos dali, apenas esperando o momento de levar a jovem Shinsora. Todo o falatório restante se perdeu para Hugain, que não deu a mínima.

- (...) Ah! Ja quer começar sua parte da missão a partir de hoje? Por mim, tudo bem. - Foi o que conseguiu absorver depois de ignorar grande parte do falatório - Ah, claro! - Respondeu sem tirar os olhos da spáginas que estava lendo, cruzando uma das pernas sobre a outra. - Não tenho pressa, termine seu trabalho. - A história parecia estar bacana naquela revistinha.

Hugain percebeu a jovem garota despertar, oferecendo-lhe apenas um breve olhar. A revistinha realmente parecia estar interessante, ou o ambiente que estava desinteressante. De pernas cruzadas, menteve-se ali, escutando tudo o que havia nos arredores daquela fonte.

- Bom, acho que não preciso ficar aqui mais tempo. - fechou a revistinha, guardando em um bolso qualquer. Pô-se se pé, cruzando os braços contra o peito. Fitou o rosto de Mayli e nada mais disse. Esperou que os servos da kage resolvessem a vida deles o quanto antes. Notou as curvas atraentes da menina, mas por alguma razão, o seu costumeiro bom humor desapareceu. Tinha a missão dada por Sagara de treiná-la, por tal propósito, iria levá-la a nação do Raio. Tinha em mente tudo o que seria feito dali em diante.

- Está tudo muito quieto, por aqui... - sussurrou para si mesmo, encarando o céu. Lembrou-se dos outros Raijins e não lembrava de tê-los visto mais ali, os que lá estavam como antes. - (...) O que aquela mulher deve está fazendo? - Pelo que recordara, Sagara enviou um presente para aquele país e ela foi designada a proteger a barca que conduzia o tesouro. Pensou um pouco na irmã do Kage, mas acreditava que ela conseguiria conduzir tamanha riqueza à Baiken em segurança.

Com energia, aquela jovem shinobi saí em busca de alguém. Hugain observou e, sem querer, recordou um momento que ocorreu muitos anos atrás. A forma que Mayli se movia, pareciam demais com Inmah, a mulher que um dia teve e que lhe foi tirada pelos próprios companheiros.

Fechou os olhos, procurando a memória mais viva que pudesse ter. Quem estivesse perto poderia notar: Hugain não respirava. Seu corpo adormeceu, tendo o corpo amparado por uma parte do balneário. Seu semblante transmitia grande silêncio, unido a uma parcela generosa de mistério.

(flashback - 80 anos atrás)

- Como você consegue? - Um homem alto e forte indagou uma das mulheres da aldeia mais fria de Raigakure. Vestia mantos grossos de pele, deixando seus longos cabelos cobrirem as costas. Eram ondulados, e tinham uma cor viva como fogo. - (...) Esse idiota possui mais de 40 anos, e você, com 18, ainda assim se envolve com um homem como ele? Não, minha irmã, eu não admito! - Chegou perto da mulher, levando nas costas uma bagagem que aparentava ser bem pesada. Sua intenção era fazer a mudança da irmã à força.

- Não! Não é você que vai comandar meu coração! Eu o amo, desde muito tempo. - Contestou a mulher, puxando em vão a bagagem com as duas mãos. As pessoas da aldeia observavam a cena e nada diziam. Muitos até apoiavam o irmão de Inmah. Seu posto era um orgulho para a familia, afinal, o próprio Kage que designava seus próprios Raijins, que se limitariam, no máximo, a um numero limitado de sete.

- Eu sempre venho te trazendo problemas, Inmah... - Comentou um homem alto que se aproximava. Suas vestes eram brancas e seus cabelos pareciam cascatas de ouro que escorriam sobre as costas de tão finos e estirados. Ali, muitos tinham um semblante escuro e forte. Mas aquele rapaz aparentava o exato oposto. Era exótico demais e sua linhagem era detestada ha muito tempo. Diziam que antes de ser uma vila, Raigakure era um reino que pertencia a uma familia nobre e, como muitos diziam, imortais. Boatos diziam que ele foi o único sobrevivente de uma invasão comandada pelo atual Raikage, Hoozanki, que o encontrou retornando de algum lugar quando o mesmo tinha 7 anos. Seu mundo caiu quando retornou e encontrou apenas a morte de seus parentes, um império forte devastado, tendo como visão apenas os rebeldes sobre os escombros de sua dinastia. Ninguém entendeu o porquê de o Raikage ter criado aquela criança junto a seu filho legitimo. Sempre procurou se enturmar, mas nunca conseguiu. Cresceu sob o pesado julgo do ciúme e ódio dos suditos daquele que o criava.

- Talvez seu irmão esteja certo, não quero te trazer problemas. - comentou, se aproximando de Inmah. Num piscar de olhos, uma forte cotovelada atingiu seu peito, empurrando-o para longe. O irmão de Inmah não permitiria que houvesse mais qualquer contato.

- Vai embora, antes que eu arranque sua cabeça! Todos nós sabemos que seu plano é retomar o antigo império que tinha. Isso nunca vai acontecer. E eu, jamais, permitirei que se aproxime de Inmah novamente. - Sua voz demonstrava o grande desprezo que sentia por Hugain. Inmah ficou triste com seu irmão, não conseguindo entender porque toda aquela situação. Hugain se colocava novamente de pé. apoiando-se sobre um dos joelhos. Não entendia como uma ideia daquelas era pensada por aquele shinobi. Hugain era grato pela misericordia do Kage e jamais trairia tal atenção, mas, pelo visto, não era isso que muitos pensavam. Novamente, ele continuou falando.

- Não sei que bruxaria é essa, mas você não parece ter mais de 18 anos, mesmo com todo esse tempo. Você é amaldiçoado, você e toda aquela sua linhagem imunda que lavou essa terra com o próprio sangue. HAHAHAHAHA!!!! Só falta o seu... E terei o maior prazer de esfregar sua cara... ARGHH!! - a expressão de desdém dava margem ao espanto. Um golpe imprevisivel atravessava o coração daquele raijin pelas costas, pelas mãos da própria irmã. - (...) Como pôde... sua VAGABUNDA!! . Ao perceber de onde vinha o golpe que o estava matando, berrou em revolta, fazendo vários selos enquanto seu sangue preenchia seus pulmões rapidamente. Os braços finos e trêmulos de Inmah sustentavam uma espada que estava atravessada no corpo do próprio irmão.

- Não foi ela... Sou eu. - a voz de Hugain confundiu a cabeça de todos que estavam envolvidos.Os olhos de Inmah não tinham brilho, e seus lábios sorriam, sussurrando aquelas mesmas palavras. - Graças a você, seu autoritário modo de exigir a atenção de sua irmã, de deixa-la sem alternativa, seu espírito de viver foi abalado pelo medo e isso me permitiu controlá-la, por um tempo curto e suficiente, para derrubar essa sua arrogância. Você perdeu, e não terá coragem de ferir sua irmã que, no final de tudo, é apenas uma vítima de nós dois. - A voz de Hugain se entranhava no timbre doce de Inmah, atordoando o irmão que, por mais que detestasse, teria que admitir que não tinha coragem de feri-la. Suas mãos, em selos, se desataram e, sem forças, o homem caiu. Hugain estava à frente, observando-o de cima enquanto ele se afogava no próprio sangue.

- Você não me deu alternativas... Sinto muito. - O olhar sério de Hugain adquiriu um brilho sinistro nesse dia. Os que estavam em volta o temeram e se afastaram. Não demorou para muitos o odiarem e a noticia chegar até os ouvidos do alto esquadrão de Raigakure. Inmah acordou do que chamou de "sono breve" e se deparou com o corpo de seu irmão. Suas lágrimas cairam mais rápidas que seus joelhos no chão. Percebeu a espada em mãos e a flagrante culpa que tinha com aquilo. Hugain apenas a olhou e, sem falar nada, disse tudo. Inmah se levantou, arrastando a espada em sua mão, sem jeito algum para aquilo. Aproximou-se devagar, ficando a menos de um metro dele.

- Agora... Podemos ficar juntos. - sua mão abandonou a espada e se firmou em volta da cintura de Hugain. Tal ato o surpreendeu. Imaginou mil coisas, menos aquela cena.


(...)

(fim de flashback)

Lentamente, os olhos de Hugain se abriram, vasculhando o lugar com maior atenção. - Vou esperar a autoridade de Baiken trazê-la para que eu possa cumprir meu dever. Mas, caso demore muito... Será do meu jeito. - Sorriu, caminhando dali para uma sombra tranquila.

Ouviu o que Midori disse, mas ignorou naturalmente.

Colocando-se de pé, Hugain se espreguiçou um pouco. Observou por alguns segundos o lugar e lembrou da sua missão, mas sentiu uma presença conhecida em um lugar ali não tão longe.

- Izou? - Estranhou a priori, não imaginava que ela ainda estaria lá. - Talvez ela saiba onde Sagara-san tenha ido. Ele não pode ter ido tão cedo atrás de Miyume sem os preparativos devidos. - conversava consigo mesmo, caminhando rumo a praça central. Lembrou da SHinsora, mas sabia que mais cedo ou mais tarde, a teria sob sua tutela para torná-la uma forte aliada na busca por Miyume.

" O Raikage não pode ter ido tão cedo... Ele corre grande risco. Não sabemos o que o aguarda"

Seus passos ganharam mais velocidade. Andava de forma desengonçada, mas na verdade, ele estava mais sério que de costume.