- Fonte Feminina - ŦŦ

A fonte feminina se situa no meio do balneário, cercada pela fonte mista e a masculina sendo, igualmente às outras, limitada por grandes paredes de madeira, com o lago rodeado de roxas. Em sua decoração há algumas espécies de flores silvestres, que fornecem um aroma relaxante a quem freqüenta.

*Adentrando o banheiro feminino, Mayli pegava um roupão no armário, e se despia de forma nervosa, arrancando aquela roupa o mais rápido que conseguia, quase a rasgando e caindo, e a jogava furiosamente em um canto.
Por causa do nível de adrenalina não estava prestando muita atenção no que estava fazendo e seguia para o chuveiro no automático, colocando o roupão pendurado do lado de fora. Deixando a água morna cair em sua cabeça por um tempo, a garota se apoiava na parede da frente e a socava enfurecidamente quase sem perceber, danificando sua estrutura.
Sem conseguir melhorar o estado em que se encontrava, voltava a chorar e se abaixava com as costas apoiadas em umas das paredes. O que estava passando era insuportável.*

- Meu Deus o que eu faço...O que eu vou fazer...?!?!

*Mayli estava se sentindo terrível. Estava prestes a ir a uma missão para resgatar Miyume, quando Henzo estava ali, jogado num sofá daquele mesmo lugar, precisando urgentemente de ajuda. Ainda pensava sobre tudo o que tinha visto e ouvido, e como tudo aquilo a enxia de medo dele e consequentemente de uma tristeza lacerante. Entre soluços, olhava para as mãos tremulas, e a única coisa que lhe vinha em mente era a noite em que Miyume se descontrolara. Nunca sentira um medo tão grande... Até aquele momento.
Quando Henzo tinha se transformado em um monstro como Miyume!? Como ele tinha a manipulado daquela forma por tanto tempo sem ela saber!? O que diabos era aquela segunda voz que falava por ele!? Por que ele urrava e agia feito um animal selvagem!? Como nunca tinha reparado nada!? Estava tão cega assim?? Como poderia temê-lo daquele jeito...?! O que teria acontecido a mais que ele não tivesse revelado? Por que tinha conseguido sobreviver aquele tempo todo...? Por que ele simplesmente não tinha a tirado do seu caminho mais cedo?
Pendia o rosto para frente, apertando as mãos contra o peito dolorido, completamente desesperada, se forçando a respirar.*

-....O que eu faço...o que eu faço...!!! AAAAAAAAAAAHHHRRRGGG!!!!!...

*Mayli não se continha e passava longos minutos sentada ali, chorando compulsivamente, lutando para organizar as milhares de dúvidas que surgiam em sua mente. Não entrava em sua cabeça como poderia nunca ter percebido nada daquilo, e o medo que estava sentido de Henzo agora era algo que não conseguia aceitar. Mesmo assim, a dualidade de sua preocupação parecia mata-la aos poucos. Como seus sentimentos por ele não tinham mudado apesar de tudo?
Buscando desesperadamente por alguma resposta que lhe apontassem uma atitude, a garota pensava se talvez não devesse desistir de ir na missão, se não tinha algo que pudesse fazer, mas finalmente realizava que realmente não podia se aproximar de Henzo sem que isso o prejudicasse. Doía muito aceitar, afinal, depois de tantas horas achando que era odiada por ele tinha sido fácil se decidir por partir e seguir sua vida, mas agora que compreendia que ambos realmente sentiam o mesmo pelo outro todo aquele tempo, algo inexplicavelmente intenso que estava fora de sua compreensão, pensar em partir com ele em uma situação daquelas não parecia justo.
De repente se tocava que por sorte provavelmente havia agido certo em se afastar dele naquela manhã, e que realmente não tinha qualquer conhecimento necessário para ajuda-lo naquele momento...
A tristeza amarga e a sensação de impotência eram esmagadoras, mas talvez o mais sensato a fazer era realmente se afastar e sufocar aquele sentimento, para o bem de ambos. Como poderia amar alguém tão ameaçador que a queria fora de seu caminho? Naquela noite tivera uma prova do quanto a sua presença o prejudicava, o enfraquecia, e não poderia conviver com aquilo...Era insustentável para ambos os lados.
Apenas uma coisa era certa, e Henzo tinha razão: ela não era do tipo que desistia facilmente. Olhando para um canto qualquer em silencio, Mayli lembrava-se dos olhos dele seguindo seus movimentos feito uma presa. Por mais estranho que parecesse aquilo causava certo alívio. Sempre suspeitara que aquele estranho quadro de cegueira fosse reversível, e agora tinha uma nova esperança.
Não podia simplesmente virar as costas e abandona-lo a própria sorte, precisava bolar um plano para levar aquilo adianta, mesmo que seu destino não a permitisse continuar até o fim.
Parecendo se convencer do que tinha em mente, Mayli se ergue apoiando-se na parede com determinação, cambaleando pela dor de cabeça que sentia, e dava continuidade ao seu banho, tirando com sabão a tinta vermelha que cobria sua pele. Por fim, a garota vestia o roupão, indo até o vestiário, onde se secava um pouco melhor, colocando uma calça leve de algodão e uma blusa de manga comprida. O vento batendo em seus cabelos molhados a fazia tremer ainda mais frio, e a dor em sua cabeça não dava trégua. Com a roupa usada em mãos, partia de volta ao restaurante apertando um pouco os olhos para resistir.*

*Chegava correndo passando pela porta e suspirava com algum alívio. Não ouvia mais ninguém por ali.
Se livrava daquelas roupas imprestáveis sem conseguir disfarçar o nojo que sentia, e corria para o chuveiro suspirando longamente ao sentir a água morna em seu corpo.*

-...Finalmente!!

*Passaria uns bons minutos tomando banho, lavando seus cabelos, sentindo uma plena felicidade. Sua mente revia tudo que tinha passado nos últimos dias. Parecia até piada. Nunca imaginaria passar por um treino tão intenso e engrandecedor.
Sentia uma ansiedade boa roendo suas expectativas, queria mais, e depois de muito tempo, se permitia pensar em algumas metas ou objetivos.
Será que conseguiria atingir algum deles?
Olhava para o teto por alguns instantes e respirava fundo, fechando os olhos enquanto se concentrava em seus ouvidos.*

"...Espero que sim..."

*Se enxaguava, vendo o caminho que a água fazia pelo piso. Ja não era tão cedo, mas a movimentação era baixa. Olhava para Todaru, que estava repousando sobre o muro de madeira.*

"O que Baiken-sama deve estar fazendo agora? Será que o que ela planejava deu certo...?"

*Lembrava dos últimos encontros que havia tido com a Sandaime.*

"Deveria procura-la...agradecer...saber se precisa de algo...Gostaria de ser útil.
Vamos ver..."

*Se embrulhava em uma toalha, olhando momentaneamente para as termas. Apesar da energia momentânea, estava cansada pois não havia dormido bem. Gostaria de relaxar um pouco ali, mas se sentia insegura lembrando da última vez que havia feito isso em estado parecido.
Sua expressão ficava um pouco séria, e dava as costas, vestindo um roupão, pegando seus pertences, deixando o local algum tempo depois de ter chegado, na companhia de seu corujo branco Todaru.*