ŦŦ_Pátio Central_ŦŦ

Os longos cabelos dourados de Hugain estavam quietos, reluzindo uma fração de luz que deslizava sobre seu comprimento. Suas mãos, cobertas por luvas escuras de veludo dedilhavam o próprio braço quando ouviu a voz que queria ouvir. Em especial, a forma como seria chamado.

- Demorou, porém veio. - Sorriu sem mostrar os dentes, apenas uma singela dose de cinismo. - Diga-me, Shinsora... Já encarou alguma vez na vida o país das tempestades? - dessa vez a encarou nos olhos, esperando alguma reação enquanto se colocava a seu lado.

- Posso garantir que suas habilidades vão agradecer a estadia - acomodou sua destra no ombro da garota enquanto se dirigia para a saída da cidade.

Ao ouvir a fala daquela garota, esboçou um sorriso simples e sincero. Percebeu que ali existia uma lacuna imensa que ela preencheria durante seus treinos. Foi o que aparentou, mas pensava que isso são coisas que ele jamais perguntaria. Apenas as receberia, caso ela decidisse confiar nele a esse ponto. Até lá, não se incomodaria em nada com seu silêncio quanto a este tipo de assunto.

- Agradeço a você, minha querida. Será um prazer recebê-la. Acredito que Sagara-san não se incomodaria em nenhum momento em tê-la conosco. - caminhou para o portão - apenas tenho um pedido nesse nosso segundo momento (tendo em vista que se enfrentaram em outra situação anterior, onde Hugain provou da ferocidade e determinação de sua mais nova aluna) Se desfaça de todas as suas civilidades quando estiver no treino. Aflore a pureza do seu sangue selvagem, pois lá verá que nada será tão compatível com ele quanto o que irá encontrar... - suas palavras soavam calmas, mas mostravam uma grande profundidade e confiança. Virou-se para ela novamente e comentou:

- As vezes, quando somos completamente selvagens, liberando tudo, sem padrões, sem moralismos impostos por aquilo que não seja da natureza, somos regredidos a uma peça incompleta. Deixe a menina aqui e seja a mulher que és tomar conta. Seja você, não esse nome que carrega. - Aguardou que ela o acompanhasse.

Kai Ikitem entrava calmamente pela vila após sua última missão. O sol ainda se levantava no horizonte enquanto as ruas se tornavam cada vez mais movimentadas. Os olhos verdes de Ikitem brilhavam ao refletir a luz do astro enquanto finalmente chegava em casa. Usava uma roupa preta que cobria seu corpo do pescoço aos pés, incluindo suas mãos. O traje era leve, mas denso o suficiente para que não se conseguisse enxergar nada através dele. Sorria gentilmente enquanto passava pelos primeiros camponeses. Os cabelos loiros era compridos, cobrindo desde sua testa até sua nuca.
Em seu rosto as tatuagens pretas ainda chamavam a atenção de todos. O Shinobi dos Sonhos, como era chamado, causava inquietação quando passava, mesmo sendo tão antigo na vila. As tatuagens cobriam cada centímetro de pele de seu rosto. Algumas tribais, outros selos, e mais algumas inscrições se misturavam e destacavam seus olhos enquanto cumprimentava a todos, quase sempre com uma recíproca acanhada dos demais. Usava sandálias simples que também eram escondidas pela roupa, mas o som da madeira no chão destacava o seu andar.
Caminhava ereto e despreocupado, como se em um dia de folga em que fosse pescar. Ia em direção a sala da Kage para reportar os últimos detalhes de sua missão. Em seu caminho uma banca de frutas já funcionava e alguns já barganhavam os preços que bagariam por suas cestas de itens frescos. Ikitem se aproximou do vendedor sorrindo ainda mais. (“Assim que o vendedor e todos os demais perceberam sua aproximação todos puderam ver o Jounim retirar uma moeda e deixar nas mãos do vendedor, que satisfeito guardava-a no bolso enquanto Ikitem pegava uma maça e continuava seu caminho. ”). Sem falar ou fazer nada mais, nem pagar, Ikitem apenas pegou a maçã sem pagar e começou a comê-la no caminho sem que ninguém reclamasse. Alguns até suspiravam aliviados na banca, pois imaginaram que o Shinobi usaria seus poderes de alguma forma, como costumeiramente fazia.

Ainda cumprimentava a todos em seu caminho...