ŦŦ_Recepção_ŦŦ

As coisas tinham novamente se acalmado na recepção. As meninas subiram as escadas e o rapaz tinha ido para a sauna e no fim nada havia sido resolvido sobre os assuntos que Shuuhei teve a esperança de saber quais eram. Apenas um pequeno zumbido evitava que o local entrasse em um silencia profundo. O som vinha da palma da mão do médico, que encostada no peito de Shuuhei, emanava uma coloração esverdeada enquanto ele utilizava um ninjutsu médico.

Aos poucos a dor no corpo ia sendo substituída por uma dormência relaxante nos músculos, quase sonífera, e por isso o gennin já estava quase fechando os olhos quando o médico começou a puxar assunto com ele.

- Me apresentar? Não... eu nem teria o que apresentar. Conheço poucas pessoas por aqui e parece que todos têm suas histórias dramáticas em comum já bastante enraizada. A pessoa com quem eu mais falei mandou o gavião dela me bicar. Não foi uma primeira apresentação muito boa, não é? Então não... se eu estiver bem o suficiente só vou tentar comer um pouco e talvez conseguir brigar com alguém. Já faz quase meio dia desde que pude me exercitar um pouco. – Dito isso o habitual sorriso de Shuuhei tinha voltado ao rosto. Mesmo sem usar suas técnicas do clã, aquele sorriso debochado e infantil eram o suficiente para lembrar a todos de que era um Inuzuka e de que havia muito em comum entre eles e os cães que lutavam ao seu lado.

Enquanto Shuuhei se recuperava, Hime se levantou mais uma vez. Dessa vez menos devagar do que antes. Ela esticou as patas dianteiras e depois as traseiras para alongar o corpo. Depois se sacudiu como se estivesse tentando se secar fazendo um pouco de pelo branco se soltar no ar. Ela então começou a dar pequenas voltas em círculo, primeiro andando e depois algo parecido com um trote de cavalo, com pequenos pulos e corridas para os lados. Quando terminou ela se sacudiu mais uma vez e parou sentada, olhando para Shuuhei com as orelhas levantadas com os olhos negros, brilhantes e sérios de sempre.

Shuuhei ficou olhando para Hime enquanto ela se alongava. Parecia que ela também já estava se sentindo melhor.

- Heh. Na maioria das vezes umas doze horas de sono resolvem. Não é como se alguém por aqui fosse querer me matar de verdade ou coisa do tipo. E eu já estou me sentindo bastante melhor doutor. Acho que depois eu só vou descansar um pouco antes do festival. Como esses jutsus funcionam? – Ele disse enquanto olhava para baixo para tentar ter um ângulo melhor. – Esses de cura. Ia ser legal se eu conseguisse me curar assim.

Shuuhei escutou atentamente às palavras do Ninja médica enquanto ele terminava o procedimento. Parecia realmente interessante, mas muito demorado para aprender.

Quando o médico terminou Shuuhei primeiro tentou mover os braços devagar. Ao ver que seu corpo não exibia nenhum sinal de começar a reclamar ele começou a movimentar os braços com mais rapidez, depois girou o tronco de um lado para o outro.

Não sentir nenhuma dor o surpreendeu e ele então se levantou. Esticou os braços, tentou se alongar um pouco e no final deu um salto no mesmo lugar. Quando terminou parecia que as únicas fisgadas que ainda sentia eram sua cabeça ainda com a memória recente da dor, mas fisicamente nada sentia.

- Sim! Eu estou muito bem! Muito obrigado doutor. – Tornou a tentar alongar os braços. – Isso foi incrível.

Shuuhei observou quando Tatsuma entrou na recepção e sorriu de volta para ele quando mencionou que não tinha mais desculpa para não ir ao festival, mas Shuuhei ainda não se sentia com vontade de ir. Por mais que a festa estivesse armada as pessoas ainda pareciam muito envolvidas em suas próprias intrigas e ele nem via como alguém ainda conseguia considerar a possibilidade de uma festa tranquila e divertida no meio daquele caos entre os ninjas.

- Yo Tatsuma. O Dr. realmente é muito bom, mas ainda não sinto que o festival será tão bom assim para mim. É só perceber o clima aqui dentro da recepção. Pessoas se esgueirando por ai com problemas que parecem ser infinitos. Aquelas meninas passarinho vivem brigando com alguma coisa. Ou então alguém briga com elas e com o Henzo... Acho que se eu aparecer por lá vai ser só para tentar acompanhar as últimas fofocas do dia.

Ele abaixou a cabeça por um instante deixando o sorriso sumir, mas só para voltar da mesma forma no segundo seguinte. – Acho que vou correr um pouco por ai. As florestas estarão vazias agora. Talvez eu até dê uma olhada nas tais minas que servem de casa para aquele grupo de gente diferente que estava ajudando a reconstruir tudo.

Shuuhei começava a pensar no que responder quando Henzo surgiu pelas escadas. A animosidade entre os dois shinobis era muito evidente e muito densa para ser ignorada, mesmo que depois Tatsuma tenha tentado.

- Então, você tem razão! Por que não vamos todos? Eu acho que vou lá buscar as meninas antes que o Takoyaki esfrie. A menina passarinho vai odiar se esquecermos dela.

Shuuhei já tinha se levantado e ia na direção das escadas quando parou e olhou de volta para Tatsuma. – A menina passarinho tá ai? Ela mandou o falcão dela me bicar até a morte e me deixou agonizando lá na floresta, mas eu acho que ouvi o falcão dela por aí. Bem, eu vou lá chamar elas enquanto vocês conversam.

Shuuhei voltou a andar na direção das escadas se esquivando de Henzo quando passava por ele. – Ei Henzo, tem que olhar por anda.... – O Inuzuka deixou os segundos do silêncio constrangedor gerado pela péssima piada se arrastar antes de abafar a vontade que tinha de rir muito daquilo.

- Desculpa, foi mais forte que eu. Eu vou lá buscar elas e vocês conversem ai tá? – E subiu para o próximo andar sem nem ter se lembrado de perguntar em qual quarto elas estavam.

Shuuhei parou no meio do caminho ouvindo os dois. Pelo menos agora eles não pareciam mais querer matar um outro. Parou um instante e deu um longo suspiro. Só então olhou para os lados e viu que Hime não estava com ele. Ela mal tinha saído de perto do sofá e o observava com a sobrancelha erguida, como uma mãe que só espera enquanto o filho resolve desistir de uma péssima ideia.

- Ei, não me olha assim... É a mulher passarinho, mais a ninja mais forte do leste do continente, ou esses dois. Eu prefiro arriscar as minhas chances lá em cima. – Ela então se levantou e caminhou com bastante agilidade em direção ao balcão do hotel, parando antes de sair do campo de visão dele para dar um latido abafado, indicando a direção com o focinho.

- Ahhhhhh, ótima ideia! – Disse antes de voltar a descer as escadas, parando um pouco antes do Henzo, dando um passo para o lado, e voltando a descer, devagar e sempre virado para ele. – Amigos, né? Mesma bandana, mesma mulher braba que vai mandar a gente para alguma outra dimensão se começarmos a brigar...

Quando terminou de descer foi até Hime e então se virou para eles. – Ei, meu povo... realmente não tem cheiro de comida no ar, acreditem, teríamos sentido. Olha, porque não vamos lá na cozinha comer alguma coisa? As mulheres estão todas lá em cima resolvendo a vida delas e a gente aqui brigando? Não dá pra pensar direito de barriga vazia, certo? Vamos lá... quem chegar por último vai ser o último a chegar! – E dito isso continuou andando bem rápido na direção da cozinha, dessa vez, com Hime ao seu lado.

Shuuhei estava indo para a cozinha quando viu que mais alguém descia as escadas. Quando parou de súbito para se virar teve que se esquivar de Tatsuma que vinha rápido na direção dele. Depois ficou olhando a cena entre os dois. Os olhos dançavam entre Baiken e Henzo enquanto eles falavam e sentiu um pouco de alívio quando viu a expressão dele mostrar que também não tinha entendido nada. Quando Henzo já subia para as escadas e Baiken já tinha saído da recepção, Shuuhei andou de novo na direção de Tatsuma e perguntou baixinho, pondo a mão sobre a boca, mesmo que não houvesse mais ninguém ali.

- Ei, Tatsuma, como o Henzo sabe se a nossa Kage tava bonita ou não? Ele é tipo aqueles piratas que só usam tapa olho de charme mesmo? Sabe, já ouvi umas histórias dessas... povo louco. Vem, vamo pra cozinha, ninja vazio não dá estrelinha... ou coisa do tipo.

[Indo pra cozinha]

- Hmmm, tá bom, então vamos para o festival! – Shuuhei tinha acabado de dar o primeiro passo quando viu o Henzo saindo das escadas e vindo na direção deles. O Inuzuka ficava olhando para os dois enquanto voltavam a discutir e depois ficou acompanhando Henzo enquanto esse seguia pelo corredor sozinho.

- Ei Henzo, a gente não tá mais indo pra coz... ah, deixa pra lá. Vem Tats, posso te chamar de Tats? Se vamos para o festival então.... vamos para o festival! – Shuuhei começou a andar na direção da porta de saída com a mesma animação com que tinha começado a ir para a cozinha antes. – Ei Hime, vamos logo! O último que chegar é um gato escaldado!

Shuuhei tinha chegado primeiro à porta, mas foi só terminar de abri-la para ver Hime passando como um raio por ele e chegando ao lado de fora primeiro. – Ei, isso não vale! – Ela se limitou a responder com um latido abafado e uma balançada pomposa com a cauda enquanto andava devagar de costas para ele. Shuuhei parou na porta e olhou para trás, na direção de Tatsuma.

- Vamos lá, tem alguma coisa acontecendo ali na frente.