ŦŦ_Pátio Central_ŦŦ

*A loira percebia que Mayli parecia cética, fria, e ignorava o presente, mas buscando coragem, ela o coloca ao lado dela sobre o balcão com o sorriso usual no rosto.*

- É um presente, oras.
Eu dei um para Baiken-sama, outro para Kairu-chan, e...depois daquela confusão toda, eu esqueci de te entregar o seu Mayli-chan.

*Mantendo aquela distancia, sem querer invadir o espaço da Shinsora, Haruko perde aquele sorriso.*

- Escuta. Eu sei que está com raiva de mim.
Eu errei quando só parei pra observar só um lado da história. Não sei o que aconteceu com você...mas eu respeito a sua dor, tanto quanto respeito a dor de Henzo-kun. Eu só não tive a oportunidade de entender o que aconteceu...
Então eu queria que soubesse que não existe um lado certo pra mim...Vocês dois são pessoas ótimas e tem suas particularidades. Vou continuar os admirando e querendo o bem de ambos, independente do rumo que vocês tomem.
Então me perdoe se puder Mayli-chan...Sei que não posso fazer muito por vocês, mesmo que queira. Vocês são pessoas formidáveis demais para mim.

*Mayli poderia estar começando a ficar sob o efeito da bebida, mas não esquecia as vezes que Haruko implicou com ela por fragilizar demais Henzo, e aquela vez não tinha sido diferente. Era claro que ele sempre seria uma vítima pra Haruko, mas abria um sorriso irônico ao imaginar até quando. Não prestaria o serviço de alertar, cada um se enganava da forma que queria, e sua vez de errar já tinha passado.
Pegava o presente que ela deixava ali por alguma consideração, e abrindo-o parcialmente via que se tratava de um kimono.*

- Nossa que bonito...Não precisava.

“Hum! Ela não sabia da apresentação...”

*A garota olhava para o lado, sem conseguir sorrir muito ao ouvir toda aquela ladainha desnecessária. A ultima pessoa em que estava pensando era em Haruko e qual imagem ela tinha dela pouco importava. Pra ela não fazia sentido aquela visão que ela tinha de Henzo, o tempo todo em que tentou ajuda-lo ele apenas sabia repeli-la dizendo que estava ótimo e que não precisava de ajuda, então mentira não deveria ser.
Sorria forçosamente para a loira gesticulando com a mão para ela, enquanto bebia um pouco mais com desagrado, nunca se sentira a vontade pra falar sobre Henzo ou qualquer outra questão pessoal com alguém que mal conhecia, e continuaria assim.*

- Unnn...Pare com isso Haruko-san. Ok?
Amanhã eu estarei beeem longe, então não precisa vir com isso agora, só mais algumas horas e todos teremos paz! Sem lamentações, sem ressentimentos, ta certo?

- Que bom que gostou. Como eu não sabia que ia ter essa apresentação sua e tal...Eu tinha imaginado nós todas nos arrumarmos juntas, ia ser divertido sabe? Nunca vi Baiken-sama sendo muito vaidosa...
Foi por isso que a gente estava lá no meu quarto...Como eu não sabia onde você estava...
Ehhr, aliás, você dançou muito bem Mayli-chan.

*A resposta que tinha recebido deixava bem claro que Mayli parecia não se importar. Entristecia um pouco se esforçar por pessoas que não reconheciam ou simplesmente não queriam sua amizade, mas talvez devesse se conformar que aquela situação era uma...
Apesar disso não mudava o fato de ter errado brutamente com ela, não ser perdoada não era algo que gostasse de sentir.
A loira ficava meio envergonhada, percebendo que a garota estava bebendo e apertava um pouco a vista.*

- Você...quer que eu libere um quarto pra você la na pensão? Não teria problema, seria cortesia por essa noite...

*Mayli suspirava bem fundo quando percebia que a loira Haruko não desistia de puxar assunto, e a olhava de canto de olho, terminando de beber a dose do seu copo com uma sensação vertiginosa bem desagradável.*

- Un...Obrigada.
Senhor! Vê mais um desse pra mim!?

*A garota parecia se incomodar com a pergunta feita, e se voltava para Haruko como se ela tivesse falado uma besteira muito grande.*

- Não! Não quero...Me mandaram passar a noite lá contra a minha vontade...Ordens são ordens...
Mas não quero quarto...

*Percebendo que se exaltava um pouco mais do que deveria, Mayli esfrega o rosto, tentando melhorar daquela maldita sensação de tontura, e voltava a se apoiar no balcão, falando mais baixo.*

- ...Não quero qualquer conforto. Por mim eu dormiria na floresta, de onde eu não deveria ter saído por nada...nem ninguém.
Então apenas me permita passar algumas horas lá se puder.

*Haruko ficava apenas observando o quanto Mayli estava na defensiva com ela. Parecia não conseguir relaxar e não confiar.
Não iria falar mais nada que pudesse ser repelido, e começava a achar que ter ido atrás dela tinha sido um grande erro. Olhava pra baixo parecendo triste, mas faz um sinal negativo para o que a ouve falar.*

- Não precisa pedir Mayli-chan. Fique a vontade...Você sempre esteve lá.

*Percebendo que a Shinsora parecia realmente determinada a beber, a loira se questionava se ela sabia o que estava fazendo, mas ela não daria ouvidos a nada do que dissesse, então acha melhor terminar com aquilo e se afastar.*

- Bem, eu não vou mais te incomodar. Eu...espero que a gente se veja ainda, mas caso isso não aconteça, te desejo uma boa viagem, e espero que possamos nos reencontrar qualquer dia...
Não está sendo bom te ver partindo assim. Espero que você fique bem.

*Saindo dali antes que pudesse ouvir qualquer desaforo, Haruko segue direto para as barracas de comida onde tinha feito os pedidos.*

*Haruko finalmente tinha entendido, e se despedia. Mayli esperava finalmente ter paz, acenando de leve para a loira, com a mesma seriedade que demonstrara.*

- Quem sabe. Obrigada. Até logo Haruko...

*Voltava-se para frente mais relaxada apesar de não se sentir bem com nada daquilo, esfregava os olhos sem perceber que balançava um pouco sobre o banco, meio bamba.*

- Opa...

*O velho dono da barraca se aproximava meio sério e deixava outro copo de bebida ali, como Mayli havia pedido. Ela o tomava em suas mãos percebendo que o senhor parecia meio sério.*

_ Mocinha, você não parece bem.

*Mayli abria um sorriso passando a mão na cabeça, meio sem jeito.*

- Ah! Haha... não. Eu to bem sim... Só é chato quando a gente quer desopilar e o problema corre atrás da gente né?! Obrigada.

_ Huun...

*Já sem se importar muito com o gosto da bebida, a garota se apoia com os cotovelos sobre o balcão, suspirando e tombando levemente o copo sobre os lábios ficando meio pensativa. Sentia uma dormência bem cômoda e eufórica, apesar de seus olhos estarem incomodando. Devia estar começando a fazer efeito.*

- Deve estar começando a fazer efeito né? Kkkkk Ah!! Eu só espero não ficar cega até lá! Seria muita ironia do destino! Kkkkk

*A garota falava isso cobrindo os olhos e rindo de forma animada, e o senhor olhava em volta, permanecendo ali limpando um copo ao perceber que não tinha novos clientes.*

_Ironia do destino? Por que diz isso? Cega menina? Hahaha Talvez meio zonza, mas cega não. Que loucura! Hahaha

*Tendo que se apressar um pouco pra colocar em prática tudo que tinha em mente, Haruko chega até uma das barracas que tinha feito pedido.*

- Oryu-san! Oryu-san! Algum dos pratos ficou pronto?

*Os casal atendente da barraca se assustam com a chegada desesperada de Haruko, e quase acontece um acidente com óleo quente. A mulher olha para Haruko parecendo furiosa, enquanto o homem levava rapidamente a comida até o balcão.*

~ Ahh! Mas quanto barulho! Hm!

_ Oh sim sim Haruko-san! Já está quase tudo pronto.
Você vai comer isso tudo sozinha!?

*Haruko pegava a cestinha com petiscos e saía correndo, acenando para os dois.*

- Aaahh...Depois eu explico hehehe. Vou levar esses aqui por enquanto. Já volto pra pegar o resto!
Deixa uma porção por ultimo por favor!!

*O casal se entreolhava sem entender nada, enquanto Haruko se afastava correndo o mais rápido que podia, o que não era muito veloz. Enquanto isso história que Kairu acompanhava contava sobre uma mulher, que depois de ter sido considerada uma traidora criminosa, tinha sido presa no interior de um labirinto mutante sombrio. Apenas seu amado sabia da verdade, e precisava bolar um plano para retira-la de lá enfrentando a tudo e a todos...
Naquele instante, a loira chega meio esbaforida e se senta rapidamente ao lado de Kairu, colocando uma cestinha com petiscos em suas mãos, aproveitando para dar uma espiada no teatro.*

- Olha Kairu-chan! Eu trouxe pra você ir petiscando! Vou lá buscar o resto...a fila ta enorme! Já volto! Arf arf!

*Cochichava no ouvido da Shinsora e se erguia, saindo dali rapidamente antes que a garota falasse algo.*

“Não me chama, não me chama! Fui!”

*A história tinha conseguido despertar a curiosidade, e ela apertava os olhos para as sombras durante longos minutos, enquanto Todaru parecia tirar uma soneca entediada.*

- Hhmm...um labirinto é...

*Quando de repente Haruko se sentava bruscamente ao lado, quase a derrubando de susto e acordando seu corujo. Largava um grito que continha com as próprias mãos, percebendo que todos ao redor pareciam irritados e pediam silêncio.*

- A aaahh! Que susto Harukooo!!! Pff!Por q...?!

*Estava com raiva por Haruko ter lhe feito passar por tal vergonha e ia brigar com ela quando via a cesta cheirosa de petiscos que ela colocava em sua mão. Sentia seus olhos brilharem e seu estômago cantar de alegria.*

- ...Mas que bom que você voltou!

*Realmente era melhor ter ela ali e com comida. Percebia o quanto estava distraída. Qualquer um poderia tê-la emboscado. Nada mais importava, engolia seco saboreando a comida quando ouvia o que ela dizia em seu ouvido.*

- O que?! Tem mais? !
Ah!...Taaa booom...Vai lá -_-

*Não estava feliz por ficar só, mas realmente só aquela cestinha de petiscos não mataria sua fome. Seria um mal necessário. Observava ela se distanciar estranhamente, mas voltava a prestar atenção na história.*

- Será que perdi alguma coisa?!

*Haruko apenas passa por uma das barracas, pegando duas bandejas de comida de seu pedido e parte em direção à pensão com alguma pressa.*

*Mayli parecia ficar com o olhar perdido em seu copo por alguns instantes em silencio antes de responde-lo, e abria um sorriso bem tristonho, sem querer ser chata com o gentil senhor, rindo do que falava como se fosse piada.*

- Deixei uma certa pessoa cega nos últimos dias.
Seria a vingança da natureza mais eficiente já vista!? Kkk

*Só de observa-la o senhor percebia que os problemas dela pareciam ser mais sério do que ele imaginava que uma garota bonita poderia se meter, mas ria do seu jeito simpático e engraçado, afinal, ela estava se esforçando.*

_ Da natureza?! Haha! Então estão atrás de você por causa disso?

*A garota mordia o lábio inferior balançando a cabeça negativamente sem esconder o tom decepcionado.*

- Ah não não...Não por isso.

*Após alguns instantes de silencio, o senhor ergue uma sobrancelha com um sorriso gentil, tentando arrancar um sorriso dela.*

_ Hunn... Parece que não ficou muito feliz com esse “serviço” un?

*Mayli sorria de leve para a gentileza dele, mas não conseguia disfarçar o quanto aquilo incomodava.*

-...Não foi missão. Foi acidente. Mas não deixa de ser minha culpa...

*Arriscando levar uma patada, o senhor a olhava com um tom meio preocupado, terminando de secar seu terceiro copo.*

_E por isso você está triste assim?

*Mayli realmente não estava a fim de ficar falando sobre todas as coisas ruins que estavam acontecendo e a deixando mal, principalmente com desconhecidos, então apenas volta a virar o copo em sua boca, quase engasgando com aquela bebida horrível.*

- Tsc! Cof! Também...

*Percebendo que ela estava ficando incomodada com suas boas intenções, o senhor apenas da uma risada abafada, a olhando com uma cara desconfiada.*

_...Você nunca tinha bebido na vida não é mesmo mocinha?

*Abrindo um sorriso meio envergonhado, Mayli bate levemente contra a própria testa, abaixando a cabeça.*

- Ai. Deu pra perceber tanto assim é Oji-San? Não me julgue!

*Dando uma boa gargalhada o senhor bate uma vez sobre o balcão, apontando para Mayli com bom humor, e se distancia dalí para atender outro cliente que tinha acabado de chegar.*

_ Hahahahahaha garota, você é engraçada. Meio “durona”, mas engraçada.
Pare de se martirizar, tenho certeza que tudo vai acabar bem.

*Mayli o observava se distanciar com um sorriso leve, mas logo voltava a olhar para seu copo, sentindo que tudo parecia se mexer.*

“...Mas que droga de bebida. Se eu soubesse que isso acontecia nem teria começado...Como é que ele conseguia ficar tão bem depois de beber tanto?”

*A garota lembrava de seu pai dando altas gargalhadas com os amigos que fazia nos bares, e passavam horas bebendo sem parar enquanto ela brincava. Depois que terminavam, ele ficava engraçado e divertido, e realmente parecia esquecer seus problemas. Abrindo um sorriso e soltando uma risada meio alta com a lembrança agradável, ela voltava a beber um pouco do conteúdo do seu copo, sentindo-se entorpecer cada vez mais...*

*O susto que Hugain acabava de dar em Mayli quase a fazia engasgar, e ela se desequilibrava do banco, tendo que apoiar o pé no chão e as mãos no balcão para não cair ao ter seu copo tomado de si. Estava muito zonza para entender, percebia que, de repente, tudo parecia acontecer mais rápido do que ela podia acompanhar.*

- Ei!! O que ta fazendo!? Eu preciso do efei...!!

*A garota sentia um frio horrível na barriga ao olhar para o lado, reconhecendo o homem de estranhíssimos cabelos longos e dourados que deveriam facilmente causar inveja a qualquer mulher vaidosa, traços impecavelmente simétricos, vestes extremamente luxuosas, e aqueles olhos claros incisivos que, como sempre, pareciam querer atravessar sua alma...
Mayli voltava a se sentar no banco em silêncio e sem entender o que ele queria, enquanto o observava lhe servir algo que com certeza não iria beber. Deveria permanecer o mais alerta possível no estado em que se encontrava, ainda mais com alguém poderoso como ele, que secretamente lhe causava certo temor, apesar de ser a pessoa que iria treina-la durante os próximos dias.
Apoiando-se com os cotovelos sobre a mesa, a garota se limitava a olhar para frente sem conseguir esconder muito bem a tensão de ter seu futuro mestre ali enquanto o ouvia, e se voltava repentinamente para ele batendo levemente a mão sobre o balcão, sem entender por que todo aquele esforço da parte dele. Precisariam trabalhar juntos, mas até então o objetivo era claro para ela, e não interessava o quão antipático e arrogante ele parecia poder ser, ou o quanto triste e acabada ela estivesse, ela faria o que fosse necessário para resgatar Miyume, e imaginar que talvez ele não desse a devida importância para aquilo parecia a preocupar bastante.*

- Não precisa se esforçar para ser agradável... Basta me treinar como achar necessário para garantir que eu chegue até ela!

*Ela o olhava diretamente de uma forma bastante séria, quase suplicante, por alguns instantes. Precisava que ele entendesse e se comprometesse com seu objetivo, mas logo desviava seu olhar para frente, percebendo que não entendia bem por que tinha tanto receio daquele homem, que a principio parecia apenas estar querendo ser simpático, mostrando que se importava de alguma forma, ou talvez tentando tornar a convivência mais agradável ... O que ele a tinha feito? Mayli amenizava sua expressão para algo mais triste e arrependido novamente, e chegava a balbuciar um pedido de desculpas para ele quando ouvia o “elogio” que ele fazia. Sentindo novamente um frio na barriga, pois lembrava bem de ve-lo a assistindo com interesse, a garota dava uma risada irônica e negativa para o termo que ele usava. Como se ela estivesse tentando o que? Seduzi-lo?*

- Hah?!...

“Cair...na minha?”

*Ficando confusa de vez, a garota estreitava os olhos momentaneamente para ele sem conseguir imaginar onde ele queria chegar com aquilo. Se ele soubesse que o problema de ser “chamativa”, era justamente não escolher de quem se chamava a atenção...
Geralmente reagia melhor a aquele fato, mas logo aquele homem pomposo e assustador? O que raios ele tinha visto de interessante nela? Seus estilos eram praticamente opostos, julgava que suas personalidades também fossem...*

- Era só uma missão que eu tinha que cumprir...Não era minha minha intenção...
Quer dizer, não entenda errado...Eu gosto de dançar.

*Vendo o ato de Hugain com a visão periférica, Mayli toma a mão dele com sua mão gélida de uma forma um pouco mais bruta do que pretendia, a colocando sobre o balcão antes que tocasse seu rosto. Ficava alguns instantes encarando-o nos olhos com um nervosismo incomum, e o solta, tentando amenizar seu estado. Parecia cansada, e sua pele fria demonstrava seu desgaste. Estava sem apetite há horas pela tristeza e ansiedade que sentia, e depois de beber todas aquelas doses de álcool...nada parecia ter melhorado como esperava.*

-...Não vai querer manchar suas mãos...Minhas pinturas não secam.
Provavelmente sim, deve ser um lugar bonito...

*Sentindo seus olhos se encherem de lágrimas com as palavras que ele dizia, a garota simplesmente virava o rosto para outro lado para que ele não visse. Ele tinha razão. Não chegaria a lugar nenhum se continuasse daquele jeito. Estava na hora de desistir de seu ânimo por aquela noite e se recolher. Sua missão começava na manhã seguinte, e precisava estar lá, firme e forte por alguém que não tinha culpa de sua incompetência...Um alguém que a esperava.
Descendo do banco, Mayli mirava o chão de forma desgostosa, e o olhava sem conseguir esconder a tristeza.*

- ...Acho que você tem razão...Preciso parar de perder tempo com isso e colocar meu foco em primeiro lugar...Já é tarde...O dia foi cheio...Eu preciso descansar...
Estarei aqui ao nascer do sol para partirmos, mestre...

*Sequer lembrava o nome dele, e ele iria perceber isso, mas a essa altura pouco importava. Se ele a odiasse entenderia completamente. Como ele poderia apostar em alguém no estado em que ela estava? Que em vez de se concentrar em estar bem para o inicio da missão que tanto esperava, estava lá tentando afogar as mágoas na esperança inútil e egoísta de melhorar seus sentimentos? Mal conseguia se manter de pé sem cambalear de tanta tontura após a tentativa frustrada, e mesmo assim observava a vida com uma tristeza sem fim. Claro que aquela merda de bebida não era nada do que esperava, não tinha a feito esquecer de nada...Sentia-se um lixo, mas não iria desistir de lutar.
Mayli deixava duas moedas douradas sobre o balcão embaixo do copo e acenava para o senhor atendente que observava tudo muito atento e preocupado.*

- Obrigada por tudo Oji-san...E desculpa qualquer coisa...

*Dando as costas para o lugar e seu futuro mestre, Mayli apertava os olhos, desejando mais do que nunca que sua visão voltasse ao normal, para que chegasse logo na pensão, e começava a andar na linha reta mais perfeita que conseguia seguir naquele estado.*

* Os olhos da médica desviaram-se para outro lado, por cima dos ombros, reconhecendo a voz de quem se aproximava. Era sua mais nova amiga, a adorável Sena. Sorriu contente em vê-la acenando com a cabeça. *

- Ah Sena-chan! pensei que não veria mais você depois que nos separamos.. as coisas tomaram um rumo... diferente do esperado.. hihi...

* Soltava uma risada baixa, meio sem graça ao perceber que sua amiga com certeza iria perceber que estava de mãos dadas com o Inuzuka. Porém, após os cumprimentos dos três ali, Akane voltou a olhar fixamente nos olhos do Gennin, que conduziu sua mão até poder apalpar seu abdomen onde havia resquícios do chakra medicinal. Ao tocar aquela parte do corpo de Shuuhei, a Ruiva  direcionava sua atenção para a barriga dele, onde tentava achar as palavras certas para dar uma explicação convincente, ja que ele parecia esperar por uma. *

- Então você exagerou demais?.... Gennins sempre acham que podem fazer mais do que conseguem. n_n
.. Mas sobre o acontecido, não ligue muito pra isso Shuu, sei que foi errado ter sacado minha espada, mas é que conheço esse chakra, conheço quem foi que cuidou de você, e não nos damos muito bem. Haha! mas isso é um assunto chato, hoje é um festival, devemos nos divertir certo?

* Dizia abrindo novamente um sorriso singelo nos lábios levando a mão que estava no abdomen do garoto até o alto de sua cabeça onde afagou os cabelos de Inuuzuka. *

(desculpem pela demora, foi um pouco de desleixo e uma correria com umas crises por aqui x3 )

Hugain a observou e notou toda a aura depressiva que pairava. Aparentemente não adiantaria muito falar, mas ele n desistiria. Afinal, seu treinamento não se resumia em fortalecer um corpo desfocado e quebrado. Precisava estar 100% e ele cuidaria dela.

- Não há necessidade disso... - sussurrou, percebendo a distância que a Shinsora queria estabelecer. Hugain simplesmente recolheu sua mão, observando-a de modo mais gentil.

- Sei qual o seu objetivo e conheço os meus. Mas eu pretendo vê-la melhor, cobrando menos de si mesma. As vezes, ter alguém para compartilhar o peso é interessante e nos conforta. Alguém para contar... para confiar. - se colocou de pé, afastando a cadeira devagar até que a colocasse no lugar novamente. Hugain aproximou-se de Mayli, depositando o braço dela em suas costas a fim de apoiá-la, e mantendo-se a poucos centimetros de seu ouvido, disse:

- Eu vou com você. - Dessa vez, usou também o outro braço, pondo-a suspensa enquanto a levava em uma direção que conduziria para onde ela queria ir. Seus passos eram lentos, para favorecer um repouso à jovem.


- Não que eu esteja pedindo que confie em mim... Apenas entenda que, se tiver essa possibilidade, eu a receberei de bom grado. Algo além do vínculo de mestre e discípulo. Laços maiores sempre estarão presentes para nos confortar. Apenas desejo que saiba isso: Eu cuidarei de você e te farei mais capaz para ir atrás do que deseja.
Existem momentos em que somos esmagados por obrigações que nos confiam, e isso se torna pior quando vem de nós mesmos. Novamente, Miyume estrangulando a paz de vocês... Isso lembra o sofrimento de meu Raikage. Mas ele desejou se tornar forte, dedicando sua atenção nesse propósito ao invés de dar margem a tristeza de não tê-la em seus braços. Eu mesmo já tive minha parcela de dor, mas isso não vem ao caso. Foi há muito tempo... O que importa, é que sempre há motivos maiores que nos dão o brilho de estarmos vivos. Mesmo essas pessoas, desejam que estejamos animados em viver do que sofrendo por elas. Existe remorso maior do que saber que somos a causa do sofrimento de quem confiamos? - as palavras de Hugain soavam sutis para que Maiy entendesse melhor e ao mesmo tempo descansasse.
Eles já se aproximavam do prédio, então ele ergueu seus olhos azuis para a bela construção ajudando-a a subir os degraus da varanda, deixando de apoia-la enquanto olhava diretamente em seus olhos de perto.

- Eu estarei esperando você no portão da vila. Apareça.
Afastou-se e caminhou em um ritmo lento, indo na direção do portão final da vila, colocando as mãos nos bolsos enquanto os cabelos lembravam uma cascata de ouro que escorriam sobre suas costas.

*Haruko finalmente voltava até Kairu, sentando do seu lado com algumas bandejas de comida. Sorria, mas sua expressão não era muito sincera.*

- Olha Kairu-chan! Voltei! Demorei muito...?

*A loira olhava desanimada para a tenda onde era projetado o teatro de sombras enquanto finalmente colocava um bolinho em sua boca, largando um longo suspiro.
A história continuava fazendo referencia ao fim do inverno, e como uma enxurrada tinha ajudado o homem a seguir um caminho até a sua amada após o descongelamento da neve no cume do pico.*

- E aí como ta a história? É sobre o fim do inverno e desgelo do pico né?

*Perguntava a loira enquanto mastigava meio desanimada, parecendo cansada.*

*A garota já se distanciava como podia, tentando não trombar com as pessoas sobreas que transitavam por ali, quando ouvia seu mestre ainda falando. Estaria sendo extremamente desrespeitosa se continuasse o dando as costas? Não tinha condições de lhe falar qualquer coisa sobre aqueles dizeres. Pela primeira vez tinha sentido que falhara terrivelmente em confiar em alguém, e isso estava a consumindo de um rancor que não combinava consigo.
Mayli, não tinha muito tempo para pensar a respeito, pois logo se assustava ao ver Hugain se colocando ao seu lado para ajuda-la a andar. Deveria estar cambaleando mais do que imaginava...
Engolia seco com toda aquela proximidade e o interesse velado que ele demonstrava, pois era realmente estranho estar próxima a alguém tão intimidante e de presença tão marcante sem que houvesse a tal da confiança. Tinha uma estranha sensação de que já o conhecia, e em sua mente martelava um aviso para que não confiasse nele, como se houvesse feito algo errado, mas cada vez mais ele demonstrava justamente o contrário. Mayli tentava o olhar discretamente de canto de olho, enquanto andavam e o ouvia falar, chegava a se perguntar se conseguiria confiar em um homem como ele depois de tudo que estava passando.*

- Unn...

*Voltando a mirar o chão sentindo o mundo balançar a sua volta e o coração disparar um pouco com o que ele dizia, Mayli começava a se questionar sobre seria o poder de seu futuro mestre...Algumas palavras que ele dizia a faziam ter saudade de como era a vida antes de se envolver em toda aquela confusão: Conhecer pessoas novas, sentir-se livre, cultivar amizades, e amores...Tudo lhe fazia bastante sentido, e parecia tão distante. Estaria ele dentro de sua mente, ou era tão obvio que sua vida que tinha virado completamente de ponta cabeça...? Será que ele passara tanto tempo assim a observando sem que percebesse? Ou talvez realmente tivesse passado por momentos difíceis como dizia...?
Sentia seus olhos encherem de lágrimas ao lembrar de Miyume e principalmente de Henzo...Nunca imaginou que sentiria tanta tristeza por tê-lo trazido consigo para aquela vila, e justamente porque tinha confiado tanto. Lembrava-se de como tudo tinha acabado logo naquela manhã, e da culpa sem cabimento que ele tinha jogado sobre ela. Nunca imaginou o quanto aquilo poderia machucar...Não ter a confiança correspondida, apesar de tudo que já haviam passado juntos. Deixando algumas lagrimas caírem, a garota percebia que apesar de se sentir traída, aquele sentimento de culpa por não conseguir ajuda-lo era maior, e como o que sentia por Miyume, não iria passar. Tinha conseguido apenas ser odiada por alguém que tanto gostava e que tanto tinha prejudicado.*

- Não...eu acho que não tem...Na verdade, eu tenho certeza.
Você tem razão...

*Vendo que já chegavam ao alpendre da pensão, Mayli apoiava os pés no chão, limpando os olhos com uma das mãos antes de olhar novamente para Hugain com aquele jeito sincero.*

- Obrigada mestre...
Estarei lá pela manhã.

*O observava se distanciar por alguns instantes, lembrando de como achava bizarro aquele cabelo lindo e surreal dele, e se voltava para a pensão com um breve suspiro. Sentindo um frio na barriga diferente e o coração martelando em seu peito, a garota entrava pela porta.*

*Parecia imersa em uma atmosfera analítica com aquela história, quando via Haruko chegando com algumas bandejas de comida. Ficava impressionada, abrindo um sorriso meio encabulado, pois nem tinha reparado que comera todos os petiscos que ela tinha trazido.*

- Ops, desculpa...
Nossa quanta comida Haruko-san.
Annn, não! Acho que eu me distrai com a história.

*Achava que a recepcionista finalmente tinha se cansado de correr de um lado para o outro, e começava a comer seus bolinhos de arroz e takoyakis com muita satisfação. Tudo parecia estar dando certo, sentia-se mais calma, e até mais segura, e aquela distração a fazia esquecer suas indignações. Fazia uma cara feia pra Haruko quando a ouve perguntando sobre a peça como se já conhecesse.*

- Sim! Você já conhecia?! =_= Eu tava prestando atenção pra te contar....
Então! Me diz, existe mesmo esse tal labirinto da história aqui?!

*Olhava fixamente para a loira com uns olhos bem alertas e curiosos, como se precisasse saber daquilo com todas as forças.
Todaru acordava com o cheiro da fritura, e roubava o bolinho da mão dela, aproveitando sua distração, e ela se virava pra ele irritada.*

- Hey! Me devolve isso aqui! Você não pode comer isso Todaru! Devolve!...Vai caçar! Desprega essa bunda do meu ombro! ò_ó

*O bolinho terminava caindo no chão, e as pessoas olhavam a cena parecendo bravas com o barulho.*

*Haruko revira os olhos a abre um sorriso meio sarcástico para a menina enquanto comia, estava prestes a responder quando acontecia a ceninha entre Kairu e sua ave. Ficava olhando para os dois com a mesma estranheza de todos ao redor, como se não conhecesse.
Após o bafafá passar, a loira se aproxima um pouco da orelha de Kairu e cochicha para ela.*

- ...Toodo festival de primavera eles contam essa história, rs.
Labirinto? Ah sim! Olha, eu não sei bem como é isso Kairu-chan, mas sei que existe uma mina bem grande aqui na vila.

*A recepcionista erguia as sobrancelhas, chamando a atenção da menina para um dos guardas Tetsuko que zanzava por ali.*

- Ta vendo aqueles de armadura, branquelos, e mal encarados pra caramba?
Pois é, eles são do clã Tetsuko, que foi um dos que deu origem a essa vila. Aliás, acho que o seu clã também faz parte dessa história, não é?
Hm. Só assim pra gente ver eles...e é numa má vontaaade....

*Fazendo chacota sobre os guardas Tetsuko, Haruko voltava a comer seus quitutes, balançando uma das pernas cruzadas parecendo deprimida.*

*Saia da pensão segurando a mochila e meu abdômen, sentia ele explodindo assim como minha nuca, e começava a me distanciar das pessoas que estavam por todo o centro, buscava com as mãos me guiar até um beco em direção ao bosque, aquele deveria ser o primeiro lugar que precisava ir. tinha que recuperar a minha espada*
"Vamos piorar se continuar se mexendo assim"
- Ora cale-se, se tivesse feito o que combinamos estaríamos bem.

*Um sorrio que não queria brotava no meu rosto, mas seguia o caminho até sumir nas sombras de algumas casas por ali, não queria ser encontrado e não seria encontrado facilmente*
"Ela te deu uma bela surra, hahaha, da próxima vez que quiser liberar isso eu mesmo irei garantir que tenhamos um conflito e ninguém mais vai existir"
- É o seu corpo também imbecil, quando vai entender que só quero ter força para controlar isso.

*Se esgueirando pelos telhados da pensão, Mayli olhava pela multidão com muita cautela procurando sinais de Henzo, mas não encontrava nada. Talvez ele ainda estivesse na recepção, e não poderia ir atrás de saber...
Indo para perto do tablado onde Baiken se encontrava, a garota se cuidadosamente do beiral descendo do telhado com um salto.*

- Baiken-sama! Desculpem, todos! Não quis assustar!

*Mayli mostra as mãos para todos os que estavam ali enquanto ainda estava agachada, se dirigindo novamente à Sandaime sem conseguir conter sua ansiedade. Estava com vestes leves e claras de algodão, que mais lembravam roupas de dormir.*

- Baiken-sama, por favor, você viu não viu!? Ia acontecendo de novo! A mesma coisa de quando Henzo perdeu a visão!
Ele se descontrolou...E agora eu sei que foi por minha causa! Eu precisei desacorda-lo porque ele estava fora de si, parecia um animal selvagem, mas acho que ele acordou e saiu da pensão...
Existe algo muito estranho acontecendo com a mente dele, Baiken-sama! É como se houvesse...outra pessoa dentro dele, eu não sei explicar o que é isso. Mas ele falou comigo! Me disse que eu “os” enfraqueço...O que aconteceu com Miyume em Semba destruiu os limites do chakra dele pelo que entendi...Acho que ele está correndo risco de vida!!...

*A garota tinha um tom suplicante, e soltava um suspiro sufocado, se apoiando em um dos punhos no piso, parecendo cansada.*