Entrada do Palácio

*Perdido em seus devaneios, Long poderia ter deixado de perceber uma presença, que o observava atentamente de cima de uma árvore desde que se aproximara daquele lugar. Um sorriso enigmático aparecia naqueles lábios rubros que contrastavam com a pele branca daquela face maquiada com tanto esmero e delicadeza, mas apenas continuava a acariciar o coelho branco que estava relaxado em seu colo, protegidos por uma grande folha verde que lhe servia de abrigo contra a chuva constante.*

-...Bastante poético, não acha?

*A voz doce e enérgica soava de cima de uma árvore pouco distante às costas de Long, onde estava recostada relaxadamente uma jovem que mais parecia uma princesa, trajando suas vestes luxuosas que tinham tons pérola, dourados, e vermelhos, criando desenhos de animais em uma bela harmonia com seus olhos escuros como seus cabelos, que estavam presos por adornos dourados em um penteado delicado no topo de sua cabeça deixando apenas alguns fios longos livres.
Descendo dali agilmente, a jovem Raijin deixava o pequeno coelho seguro sobre o solo, e se erguia para olhar diretamente para Long com seu olhar perfurante, talvez o que menos tivesse mudado em seu ser.*

- Há quanto tempo Long.

*A jovem mulher se aproximava de Long com um sorriso enigmático enquanto o analisava claramente, e o olhava diretamente novamente com alguma simpatia ao tombar a cabeça de lado, apesar do tom sádico e malicioso, habitual de seu olhar.*

- Estou surpresa. Você retornou mesmo com vida, Long. Se papai estivesse vivo ele teria ganhado nossa aposta, aquele maldito.

*Izou continuou sua caminhada, demonstrando um semblante mais fechado, e se aproximava da placa que Long havia lido a pouco tempo atrás.*

- Típico dele. Nunca andava no escuro. Ou pelo menos ele pensava que não. Rsrs.

*Tocava as inscrições apagadas com um sorriso no rosto enquanto dava uma breve risada divertida olhando de esgueira para Long.*

- Quantas lembranças esse lugar me trás. Mas acho que podemos dizer que valeu cada gota de sangue derramada.

*A jovem olhava por cima de seus belos ombros com um lindo sorriso divertido ao ver a reação de Long ao seu comentário, mas seu ar ácido e desafiador nunca a abandonavam. Ela ria, expressando sua diversão com muita intensidade ao se lembrar daquela cena, enquanto ajeitava alguns fios de seus cabelos negros.*

- Sim! Apostei com o velho que você não voltaria vivo rsrsrs. Ainda lembro da cara dele, hahaha, tomado pelo ódio só por imaginar a possibilidade de não ter seus objetivos alcançados.
Era hilário seu descontrole quando o tema era poder.

*Os olhos negros de Izou encontravam o chão momentaneamente com uma expressão satisfeita, até que ela percebia a tristeza latente que vinha de Long. A jovem erguia uma de suas sobrancelhas e mordia o canto do lábio vermelho, buscando entender o que estava vendo, mas sorria, se aproximando do Raijin com passos lentos e olhos diretos, quase como se ele fosse uma presa. Parava a alguma distancia suficiente para guarda-lo da chuva sob a mesma folha gigante que segurava, com uma expressão irônica sorridente de causar arrepios. Erguendo uma das delicadas mãos, ela tocava com alguma pressão a face do homem, impedindo aquela gota de cair de seu rosto.*

- Pode ficar com esse pesar todo pra você Long. Você tem uma estima estranha por aquele velho maldito...

*Parecendo levemente irritada, a mulher fitava um lado qualquer, mas logo voltava com um olhar sorridente para o homem.*

- Me poupe. A última criatura que esperaria encontrar aqui era você.
Vim apenas visitar o lugar das lembranças mais divertidas que tenho, e encontrei um fantasminha daquele tempo. Um fantasminha que demorei um tempo pra reconhecer! Rsrsrs

*Mostrando levemente os dentes em um sorriso enigmático, Izou voltava a olhar diretamente para um lado qualquer, como se tivesse visto alguma movimentação na mata.*

*Reconhecia o conhecido toque cadavérico do homem, e correspondia seu olhar com a mesma intensidade, sorrindo com um breve suspiro ao ouvir seu comentário.*

- Respeito...é uma via de mão dupla.
Nunca fui mesquinha, você sabe muito bem que ele sempre teve de mim exatamente o que cativou.

*A moça tinha uma mania perigosa de encarar profundamente as pessoas, ou mesmo a ausência de pudor que lhe fizesse desviar seus olhos desafiadores, e se permitia observar os traços e detalhes atentamente com uma intensidade inigualável. Os momentos diante dos olhos de Izou eram os mais intensos e perpétuos, e ela apenas se admirava com a fala do conhecido Raijin, dando uma risada breve e debochada, enquanto fazia uma pose graciosa para combinar com o seu comentário.*

-...Vindo de você, isso é um elogio e tanto, Long.
Não se assuste porque cresci. Minha essência continua a mesma.

*Deixando a brincadeira de lado, Izou continuava a observar a cena com satisfação, e olhava para a mata com um grande sorriso ao ser questionada sobre seu irmão.
A jovem fazia alguns gestos com sua mão delicada naquela direção, e em alguns instantes um jovem cervo surge da mata, vindo calma e lentamente na direção da mesma, receber seu carinho, como se a conhecesse.*

- Sagara-kun? Imaginei que ele seria uma eterna marionete nas mãos daquele velho. Estou o amando e o odiando ainda mais pela atitude que tomou. Apesar de não ter sido pelas minhas mãos, ele realizou um sonho meu rsrsrs
...Ele pode ser jovem para o posto, mas tem ambição. Estarei aqui para apoia-lo e protege-lo, como sempre estive...

*Após algum tempo em silencio onde ela afagava o grande animal com delicadeza, ela voltava de escanteio seus olhos sérios para Long.*

- O que sabe dessa tal mulher...?

*Izou desviava sua atenção do cervo que aproveitava suas caricias por um momento para voltar a observar os trejeitos do frio Hayashi com um sorriso audacioso nos lábios rubros ao ouvir seu comentário. Poucos a conheciam como aquele que estava a sua frente, então apenas dava uma breve risada, voltando a encarar o cervo com seus olhos negros, se abaixando para ficar à mesma altura do animal.*

- Meu pequeno irmão é a pessoa que mais amo nesse mundo. Temos nossa relação marcada pelas circunstancias da nossa família, infelizmente, mas fico verdadeiramente feliz em vê-lo nessa posição.
Eu não aguentaria um dia. Essa chatice burocrática.

*Respirando fundo com algum amargor em seu tom, a mulher voltava a olhar de esgueira para Hayashi, se erguendo enquanto o cervo se movia, se distanciando com seus passos lentos dali.*

- A mulher que ele busca resgatar. Você conheceu essa mulher? O que sabe sobre ela Long?

*Abaixando o rosto com um pouco de graça, a mulher escondia seu sorriso e voltava a se aproximar de Long.*

- De fato, não conheço outra posição.

*Parando a frente do homem, e novamente o protegendo com a enorme folha verde que lhe servia de abrigo, ela dava um tapinha simbólico em seu ombro ao ouvir suas palavras e abria um sorriso malicioso, estreitando seus olhos, se divertindo um pouco com as palavras do homem, apesar de ser errado.*

- Ah que audácia! O que quer dizer com isso, você, coração de pedra?

*Ainda sorrindo, a mulher olhava para um lado qualquer, e logo um tom muito mais pesado tomava conta de sua expressão. Izou tinha convicção, e seria difícil despistar suas hipóteses.*

- Não sei. Algo me diz que ela não é apenas uma mulher capaz de despertar algo além da ambição de Sagara...
O que tem essa mulher, para faze-lo mover tantas peças em um momento desses?
O que tem essa mulher para ser alvo de um grupo de malfeitores?

*Cruzando os braços, a bela mulher voltava a olhar de esgueira para Long e estreitava um pouco os olhos com um sorriso desconfiado em uma expressão má e charmosa.*

-... E você também está escalado para essa missão, não está?
Não adianta mentir para mim Long.

*Izou, antes atenta e distraída enquanto ouvia as palavras do homem, agora sorria de forma quase carinhosa ao ouvir seu comentário, retribuindo a intensidade do seu olhar, como costumava fazer.*

- Awn. Está se sentindo manipulado por mim Long?
Mas eu estou só conversando com você.

*Dando parcialmente as costas, a mulher retinha um tom mais sério e sobreo.*

- Ora por que. Não passa pela sua mente a gravidade dessa situação?
A você preocupa mais a posição de meu irmão em Raigakure do que o ingresso de uma completa desconhecida ao seu lado?
A mim não...Logo agora? De forma tão repentina? Em um momento de transição como este?
Sagara não seria tão burro de arriscar tudo em uma manobra dessas se não valesse a pena...
Essa mulher... Ela não é uma mulher comum.

*Voltando a olhar para Long, Izou o encarava profundamente. Por trás daquela expressão, muito conhecimento velado transparecia.*

- E se fosse você, ficaria atento e me aprofundaria em toda essa história de sequestro, grupo de malfeitores, antes de se lançar cegamente nessa missão.
É bom lembrar. Agora você luta pelos interesses do meu irmão, não do meu pai.
Seus riscos mudaram.

*Em dado momento um certo brilho aparece nos olhos negro daquela mulher, e ela desvia o olhar para o solo molhado, parecendo sentir algo em um triste silencio por alguns instantes, mas retornava abrindo novamente um sorriso. Mostrando um pouco de seus dentes brancos, a mulher tocava o rosto de Long com puro zelo.*

- Por isso que eu gosto de você.

*Izou se manteve onde estava e sorria de leve ao ouvir os comentários de Long, reparando discretamente como ele a observava, e o olhava estreitando os olhos e erguendo uma das sobrancelhas de forma maliciosa, atenta ao que às novidades que ele trazia sobre Hugain.*

- Diferente como?

*A mulher se manteve observando os trejeitos do homem que Long havia se tornado com um sorriso suave e misterioso e fazia um sinal positivo quando o ouvia perguntar sobre o incidente em Tetsugakure, observando seu interesse no assunto com curiosidade.*

- Sim, é verdade. Tetsugakure sofreu uma invasão. E ao que tudo indica... O grupo estava atrás da noiva do meu amado irmão.
Consegue imaginar a cara de Sagara? Voltou especialmente para destronar nosso pai, mas recebe a noticia de que sua amada havia sido sequestrada.
Hahaha... Ah irmãozinho...Talvez o risco de mantê-la perto de uma irmã ciumenta teria sido maior não é mesmo?

*Izou dava uma breve risada rouca com seu próprio sarcasmo, e voltava a encarar Long, percorrendo seus olhos negros pelo rosto do rapaz com uma seriedade perfurante, e lhe falava em um tom baixo, como se quisesse que apenas ele ouvisse.*

-...Por isso estou alertando para que se apresse em “voltar de fato” para Raigakure, Long. Você pode não ter o tempo e a escolha que imagina.

*O toque frio do homem parecia pega-la um pouco de surpresa, mas ela se mantinha o olhando enquanto sua pele branca se arrepiava. As palavras e expressões dele a preocupavam um pouco. Ainda observando-o com zelo, a jovem mulher acariciava seu rosto levemente, buscando seus olhos baixos e preocupados de uma forma bastante terna, e sorria com uma positividade quase mística ao encontra-los.*

- Sobre seu clã?
Não fique assim. Daremos um jeito. Eu não esqueci.

*De forma muito pura, Izou abraçava Long de forma reconfortante, recostando sua cabeça sobre o peitoral dele em silencio. Era aquele o poder que ela tinha de cativar as criaturas?
Long conhecia aquela energia genuína e misteriosa como ninguém, principalmente porque ninguém sabia e considerava tanto quanto ela o quanto ele era honroso com seus compromissos e deveres com Raigakure, e o quanto isso poderia o fazer se negligenciar às vezes.
Com um sorriso animado quase franzindo seu nariz que beirava a inocência, resgatando a garota que Long cultivara a amizade, a mulher erguia seu mindinho para Long.*

- Eu te prometi que daria certo. Não prometi?

*A jovem mulher sustentava o olhar de Long, e erguia uma das sobrancelhas, meio que revirando os olhos ao ouvir falar de Hugain, demonstrando algum desprezo pela história e pela tal garota que Long descrevia.*

- Selvagem?...Hm! O que mais poderíamos esperar de Hugain.
Mas não sei até onde isso indica alguém de Tetsugakure. Não, é verdade. Eles possuem a sede de um clã que luta com aves de rapina.
Já ouvi algumas histórias sobre esse clã. Algo bem antigo.

*Izou dava um sorriso meio perigoso ao perceber que estava sendo compreendida pelo Raijin, e cutucava levemente o peitoral de Long enquanto o encarava com olhos estreitos, satisfeita por ele tê-la compreendido.*

- Exatamente. Entende agora? Estamos passando por momentos no mínimo incomuns.
Vamos ver...

*Durante aquele pequeno momento de silencio, onde ela o acariciava ternamente, ela podia perceber seu deleite, mas também uma tristeza insistente que estava a deixando desconfiada. Seu sorriso dava lugar a um olhar preocupado ao passo que ouvia as palavras de Long, e ela permanecia o olhando diretamente nos olhos com sua face entre suas delicadas mãos.*

- Long?...Mas... Como assim? Não sobrou ninguém? As pessoas se dispersaram?

*Desviando momentaneamente o olhar ao perceber o quanto era ruim aquilo que ouvia, e o quanto aquilo explicava um pouco do que estava observando nele. Aquela desorientação. Sua missão tinha sido penosa e basicamente infrutífera.
Izou apenas se mantinha em silencio por alguns instantes como se tentasse pensar em algo, e o olhava meio desconfiada e pesarosa quando o ouvia se referir a uma pessoa específica.*

- Sinto muito por ouvir isso.
Mas então, e agora? Você vai desistir? Não há outra saída? Isso não é do seu feitio Long.

*A jovem mulher o observava  diretamente estreitando um pouco seus olhos negros para o sorriso incomum de Long. Ele era um péssimo ator, mas talvez não soubesse disso, e logo todo seu incomodo com aquele assunto vinha a tona com sua evasiva.
Izou se manteve onde estava sustentando o olhar de Long e demonstrando um sorriso simples para sua afirmativa sobre seu próprio futuro, algo que ela não tinha qualquer domínio.*

- Eu sei que não é.

*Se voltando um pouco para a mata, o olhar de Izou repousava sobre a relva molhada parecendo um pouco cansado e sério por alguns instantes, enquanto ouvia os conselhos do shinobi amigo.*

- É o que pretendo fazer agora que tenho mais algumas informações.
Obrigada Long.
Tente descansar um pouco, e se alimentar. Você está em casa agora...

*Dizendo aquelas palavras gentis com alguma melancolia, Izou apenas se colocava a andar na direção que ele havia vindo, afinal, ja estava tarde, a noite ja havia caído.*

*Izou se voltava olhando para Long enquanto observava a cena e o ouvia falar, e apenas abria um sorriso simpático sem entender por que ele ainda estava lá parado. Era só acompanha-la, pois ela estava indo para a sala de Sagara.*

- ? Então se apresse Long. Vem comigo.

*A mente da mulher parecia imersa em boas coisas, pois sua feição estranhamente terna transparecia um sentimento agradável, e ela voltava a andar calmamente na direção da sala dos kages, usando a grande folha como abrigo.*

- Vamos ver qual seria o motivo desse chamado inesperado rsrs...

*De repente um sorriso mais malicioso surgia nos lábios de Hadara, que parecia projetar à frente suas expectativas.*