ŦŦ_Sala dos Kages_ŦŦ

Sagara escreveu:

Estava espaço a um lugar nobre, que existia  no cume de uma grande montanha branca. O grito havia vindo do topo, tendo como repercussão uma gritaria e  um corre-corre por parte de muitos cidadãos, fugindo daquela morada. Um deles correu na direção onde Baiken vislumbrava tudo aquilo, atravessando seu corpo como um fantasma. Em questão de segundos, uma aura negra, cuja densidade esmagava  o solo se alastrou, destruindo a casa de dentro para fora como uma explosão, sendo possível ver  um homem de porte alto e forte, com cordões dourados em volta do pescoço com uma criança nos braços. Ele saia dali. A criança foi deixada nas proximidades enquanto o homem forte retornou, mergulhando, munido de uma armadura de chakra do elemento raio, dentro da grande aura negra que só vibrava e crescia, aniquilando tudo o que tocava. Uma ventania poderosa soprou para todos os lados, restando uma veloz energia negra que disparou em todas as direções, acertando a criança que foi deixada  no chão, no peito, curiosamente, sem matá-lo. Em segundos, aquela aura escura ia se ampliando, e todo o ambiente de guerra e destroços que Baiken via, era consumido pela escuridão pouco a pouco até ser total.

Novamente, uma luz surgiu das entranhas das trevas. Uma visão desfocada onde Baiken via aquele homem forte caminhar em sua direção, trazendo nos braços uma mulher pálida de cabelos longos e negros - ela lembrava demais a aparência de  Miyume.

- Mama!!! - Uma voz infantil, exasperada, irrompeu. E aquela criança que havia sido deixada ali correu em direção àquele homem. Seu choro era coberto pelo desespero de tentar acordar aquela mulher que agora fora deixada no chão. Estava morta. As tentativas de reanimá-la era em vão e aquele homem sabia disso. - Não, filho... Ela já não está entre nós... - O que dissesse, não iria acalmar o garoto que se debatia sobre o corpo de sua mãe, puxando seus cabelos, querendo um abraço que jamais teria de volta. Sua tristeza converteu-se em soluços tristes e desejou nunca mais sair daquele colo frio e macabro. A mão forte de seu pai tomou seu ombro, puxando-o para trás. -  Sagara... Venha. - E assim ele foi, levado contra sua vontade pelo Raikage. Via  o corpo de sua bela mãe ser deixada aos cuidados de alguns ninjas médicos que apenas olhavam o garoto. Perceberam a tragédia que aquilo geraria na vida daquela criança, arrancada do único lar sensível que tinha para dosar com a brutalidade do rigor desmedido do pai, que o obrigou a engolir o luto no mesmo dia, convertendo sua tristeza em força para controlar  o mesmo "mal" que ele herdou de sua mãe.  Os anos passaram e o garoto cresceu sério e dificilmente saia da sombra da árvore a qual sua mão estava enterrada ao lado. Em suas mãos Sagara guardava com grande esmero uma espada de beleza inigualável, era a mesma katana que havia entregue para Baiken, ela pertencia à mãe de Sagara. Aquele lugar belo e solitário era seu santuário particular. Mas, em um momento, arrancaram aquele tronco sob ordens de seu pai, que observava tudo ao longe de braços cruzados, desejando que seu filho não tivesse fraquezas. Aquilo gerou um furor extremo no coração daquele jovem, levando-o a fugir.  Quiseram seguir o filho do Raikage, mas por ordens do mesmo, não continuaram.

Restou apenas menino fugindo sob a visão de seu pai, que via tudo de longe, do alto de  um grande templo.

O jovem havia crescido novamente, e encontrou, em sua revolta longe de casa, alguém que via como um porto seguro. Uma jovem que tinha todas as características de sua mãe: Miyume. Em alguns momentos, Baiken viu o relacionamento dos dois crescer, ganhar raízes e tornar-se algo belo e puro. O amor tornava-se fato em beijos breves, abraços, treinos e  um combate que sofreram na floresta além da vila, o que plantou em Sagara uma grande tristeza por ter se visto incapaz de defender quem gostaria; e, por fim, O amor dos dois ser consumado da forma mais livre e humana. Ambos tornaram-se um só - sem maldade, sem urgência... Dali, o coração do jovem recobrou o combate onde viu sua fraqueza, onde não conseguiu defender aquela que amava como deveria. Isso o afastou. O amor foi ficando distante, dando margem a ressentimentos antigos... Adquirir poder para vingar  o nome daqueles que não podiam mais levantar dos túmulos. Poder para não ver mais quem importa morrer diante de seus olhos. Poder para... Domar  o maldito legado de sua mãe. Nesse instante, Baiken é capaz de perceber o Jovem Sagara ir embora de  uma vila que  o acolheu, deixando para trás toda a gratidão e vida mansa, que o impedia de adquirir  o poder tão desejado. Deixando para trás também Miyume...


Kakashi surgiu em primeiro plano, tendo seu coração atravessado por uma katana negra que emanava energia Raiton misturada a uma cor densa como as trevas. Seu corpo foi enterrado próximo à floresta onde Tatsuma estava, 500 metros além do limite da vila, sobre uma rocha vermelha, tingida pelo sangue do próprio Ninja.  Depois, várias outras vitimas. Faces desconhecidas apareceram ao chão de terra, arrancados de seus corpos pela mesma espada. Um verdadeiro banho de sangue.

Toda aquela visão culminou em um ambiente familiar ao que viu em primeira instância naquele selo. O mesmo monte onde a mulher manifestara seu poder Kinimamoto, agora novamente surgiu, sob a luz de uma grande tempestade e chuva, onde varios relâmpagos e estrondos de trovão ecoavam no topo, vaporizando terra e rochas. Lá, diante de tudo isso, dois homens lutavam. A platéia estava distante, haviam vários shinobis ao seu lado, observando a mesma cena em espanto e medo.

- Porque ele está tentando matar  o próprio pai? Será massacrado... - Um deles disse, sendo respondido por outro: - (...) Eu não sei.. Sagara não parece ser do tipo que voltaria sem uma carta na manga. Eu estava lá, naquele dia, ha 13 anos... Vi o medo em seus olhos,  o pavor de ter sua mãe tomada de seus braços pelo próprio pai. Algo o fêz voltar... Ao ponto de fazer algo que provavelmente custará sua vida.  Acredito que hoje é a chance que temos de ser libertos da tirania do Raikage pela mão do próprio filho. - Um homem velho falou, mostrando uma certa esperança. Muitos encaravam a cena com receio, mas, la  no fundo, desejavam que o filho vencesse. .
...
- Tatsuma... Compartilhei com você uma fração da minha história... - Era a voz de Sagara. - Não se trata apenas de minha vida... Mas da linhagem que corre em minhas veias... Um dos laços que me ata à Miyume.  Aqui te revelei meus pecados... O paradeiro de Kakashi e uma ideia de onde estou indo agora... O destino que me orienta, está na base dessa espada. Não apenas no nome gravado, mas no que ele me representa. Peço que guarde a espada...

Um dia irei buscá-la.

*Ao final mostrava minha memória de como estava ao segurar a espada, ela estava cravada em um tronco com o nome de Miyume no meio de uma clareira recém formada no bosque