Mata do demônio

Uma região de mata na subida do monte Mibu, suas arvores são pouco espaçadas e tem um grande número de animais de diversos portes. O local é alvo de várias lendas sobre aparições e ataques a viajantes, esse é o ponto de entrada para a montanha e sua configuração atrapalha a locomoção. Nenhuma trilha visível é vista no meio da mata, sendo um local onde facilmente uma pessoa se perderia.

As lendas sobre a mata contam sobre a presença de demônios em forma de animais, que devoravam aqueles que se aproximavam. Os relatos eram sempre confusos, com o distanciamento dos viajantes do local novos rumores deixaram de existir

Havia se passado muito tempo desde que tinha saído da vila do Ferro, um servo de Baiken havia me deixado onde eu pedi para seguir meu caminho como bem entendesse. Obviamente não confiava nas pessoas de Tetsu, a última coisa que pretendia era ser seguido por qualquer um deles, mas o que mais desejava era sumir do alcance dela.
"Mayli-chan, gomem"

Quando fui deixado por Kuroi fora da vila precisei despistar tudo aquilo que sabia que Mayli poderia usar para me rastrear, havia viajado com ela e sabia do que ela era capaz quando se empenhava em algo. Uma voz dentro de mim me dava informações a mais sobre seus hábitos, como talvez me esconder e como evitar ser visto. Algumas vezes o jeito era evitar que qualquer coisa ao redor pudesse apenas sair e por isso havia perdido a conta de quantos animais havia matado no caminho sem necessidade. Me sentia mal por fazer aquilo, mas o simples fato de conseguir já indicava que não seria facilmente seguido e que conseguia voltar a fazer o que um dia era muito natural para mim.

Foram vários dias vagando pelo país do metal, indo de caverna em caverna para evitar os pássaros... principais aliados de Mayli... até chegar em uma estrada onde abordei uma caravana que percorria os países comercializando o que obtiam em um para outro. Estava na época esfarrapado, esfomeado e apenas com muito auto controle não os ataquei, a voz dizia que seria um bom treino e eu a convenci que precisávamos de descanso, fui acolhido como um viajante perdido, cego e abandonado para morrer. A bondade daquelas pessoas foi assustadora no inicio, mas uma hora me acostumei e consegui que me trouxessem até bem perto da região onde estava agora.

País das florestas, um lugar que nunca pensaria em voltar. O local de onde havia sido tirado por Kyosho para virar um ninja, o lugar para onde jurava nunca mais voltar. Sabia que aquele era o lugar certo, na vila mais próxima já ouvia os rumores e agora sentia o cheiro... Aquele cheiro me lembrava casa, uma parte de mim sorria por estar de volta enquanto outra parecia arredia. Por que tinha vindo para cá, não conseguia lembrar quando decidiu ir para ali e nem o motivo
"Chegamos. Você está feliz."
'Por que está desanimado? Aqui podemos aprender tudo que precisamos. Eles vão ser melhores do que os outros. Eles entendem o que você é."

Alguns dias aquilo vinha acontecendo, sentia algo a mais nos meus pensamentos. Algo estranho parecia se aproximar e por vezes podia sentir alguém me seguindo.
"Grrrr"

Aquilo também havia se tornado frequente, algumas noites sonhava com a besta e podia ouvir ela rosnando em minha cabeça quando sentia ser seguido. O outro eu dizia que era um sinal de que precisávamos estar fortes, revesávamos o controle e não nos permitíamos mais ficar sem discutir o que fazer. Será que era assim que os outros se sentiam? Era horrível ter outros em minha mente, se sentia louco.
"Vamos, Precisamos subir."

A mata densa atrapalhava a me movimentar, a cada passo esbarrava em algo e começava a ficar apreensivo com a limitação. Sem poder ver me guiava pelo som na maioria das vezes e havia improvisado uma vara para evitar ficar batendo em árvores ou tropeçando.
- Porque uma floresta?
"Deveria se perguntar, por que uma montanha. Aqui o solo ainda é firme"

Um calafrio me fazia parar, o som vinha de longe e se aproximavam rápido. Deveria ter ficado quieto. Sinto minha consciência recuar e agora era o espectador. Sacava a espada em reflexo, me sentia bem com ela em punho, o que estivesse vindo fazia questão se ser notada... provavelmente eu tinha invadido o território de alguém.
- sempre tenho que fazer o trabalho sujo então.
"Você quem quis vem, não reclame kuso!"

Logo um grande urso aparece a minha frente, ouvia seu urro dizendo que aquele era seu território. Sem ver não conseguia identificar as marcas na floresta. Aponto a espada para a cara do animal.
- Esse daqui é o meu território agora!

Meus braços se enchiam de marcas a medida que o urso se levantava, agora estava mais consciente dos arredores. Sentia as vibrações do ar em contato com a pele e quase poderia dizer o peso daquele "monstro". O urso batia suas patas no ar e urrava em desafio, não desistiria facilmente. Meu chakra se molda na espada e rio dando um passo para frente, a provocação era clara
- Ataca logo seu idiota, esse lugar agora é meu!

O urso volta às quatro patas e parte para cima, uma carga raivosa e mortal. Espero até o último instante para fazer meu movimento contra a a garra usada para o primeiro ataque, o corte é pequeno e mesmo assim o urso cai antes de poder lançar outro ataque.
"Kyoukemyaku. Ele não tinha chance... Você é sádico. "
- Quer tentar fazer isso sozinho? Ele poderia me despedaçar com apenas uma pata.

O urso ainda tentava se por em pé e atacar com a outra pata ou mesmo com o corpo pesado. Desfilo um golpe rápido da espada carregada, forçando outros nervos a um estado de dormência. O animal era instintos e não poderia entender o que acontecia e por isso começava a ficar acusado.
"Acabe com isso"

Novamente minha mente flutua e agora estava com a estala cravada no pescoço do urso.
"Fraco"
- Sádico!
"Tanto faz"
- Eu sigo daqui sozinho, para de me encher...

Estava realmente zangado. O caminho seria mais fácil depois de derrotar o "dono" daquela região, mas não havia gostado de fazer aquilo com um animal que só queria proteger seu território. Seguia o caminho até quase sair da mata. Farejava o ar.
- Não deveria ter alguém por aqui?
"Os últimos devem estar no templo, mase não baixe sua guarda "

Surgia junto a Midori distante do topo da montanha que se encontrava no meio da floresta. Acreditava que ali pelo menos poderiam fazer os planos necessários para acabar com a situação.
- Temos que ser rápidos. E mostrar é melhor do que falar.

Fazia selos rapidamente e isso fazia com que algumas plantas na região começassem a crescer, algumas árvores jovens se tornavam adultas e começavam a dar frutos ou desabrochar flores
- Lembro de ter a visto produzindo algumas espécies de planta, posso potencializar o que quer que faça e podemos usar isso para imobilizar e prender Vincent, ele ter se limitado a um ambiente fechado nos dará vantagem e mesmo que não possamos simplesmente o tocar as plantas não serão manipuladas pelos jutsus dele.

Fazia então alguns selos e um simples jutsu Katon para colocar fogo
- Mas temos que nos preparar para outras possibilidades.

Midori já trabalhava com as alternativas, gás paralisante, ou água lançados para dentro do templo em grande quantidade nos ajudaria a ganhar tempo, mas precisavam trabalhar com o que tinham. Observava o que Hotsu à mostrava e dava um aceno positivo o olhando diretamente fazendo selos rápidos. Uma erva que mais parecia um cipó/trepadeira brotava de sua mão.

- Erva de Haz. Suas ramas ao contato adormecem e paralisando a vítima. Se queimada ou fervida, sua fumaça, ou cinzas potencializam o efeito por inalação. Com auxílio do seu poder, elas irão prender e adormecer a todos em pouquíssimo tempo.

A mulher o olhava com a seriedade usual pontuando sobre sua ultima observação.

- Com o crescimento acelerado ocuparão todo o espaço interno, e se não houver alternativa melhor, ativo o selo de Kuroi e lanço toda a estrutura a uma altura de 4 metros. O impacto com o solo deve garantir que o templo abra. As ramas poderão amortecer o impacto e garantir que não sofram danos graves, e ainda assim fiquem desacordados.

Olhava com atenção o jutsu de Midori e sua explicação sobre suas habilidades e características, fazia alguns selos experimentando e fazia com que as ervas se desenvolvessem a um tamanho próprio para prender enquanto em alguns momentos elas se expandiam ao ponto de criar apêndices pontiagudos como ferrões. Mas fechava a expressão assim qeu ouço o "plano B" de Tetsu.
- Espero sinceramente que planeje jogar um local sagrado em cima de outro. Poderia propor o templo Eukumo ou algum outro local importante para os clãs de seu país. Ou planeja apenas destruir relíquias históricas de outros clãs?

Por um momento Midori poderia sentir a raiva em minha expressão por ouvir uma ideia tão ofensiva para a história de outro país, sem contar que era uma estratégia que provavelmente mataria quem estivesse dentro do templo com o impacto.
- Talvez ele estivesse correto em desejar vocês fora disso. Quando estive em seu país fiz o possível para os auxiliar sem propor a destruição de nenhum local, olha que enfrentávamos uma barreira que envolvia toda sua vila. Não me lembro dessas medidas drásticas de seu povo.

- Tá. Então não há alternativa melhor pra abrir o templo?

A mulher o observava friamente ignorando qualquer provocação, e se erguia esperando uma resposta imediata para tomar alguma atitude. Era obvio que não tinham tempo a perder, e sua fala tinha sido bem clara.

Fazia mais experimentos com as possibilidades de evolução das plantas de Midori enquanto o pequeno lobo começava a perambular ao redor dela a farejando para reconhecer seus cheiros
- Os selos da barreira devem estar deslocados. Se Vincent está usando o local, ele alterou a barreira e não deixaria os selos nos locais normais. É possível que os tenha transferido para o lado de dentro, ou ter mudado sua fórmula.

Havia conseguido alterar a forma de um dos ferrões que garantiam que o veneno da planta pudesse ser expelido e usava um frasco para o armazenar. Terminava sua "pesquisa" ingerindo o veneno da planta e fazendo novos selos enquanto falava.
- De qualquer forma, a captura dele é a prioridade e só assim poderei levar Henzo para Ookami, Já que Tatsuma não está aqui e os lobos sim acredito que já o tenham levado de volta para Tetsu, menos mal, um a menos para que eu me preocupe. Mas agora precisamos que suas plantas consigam se espalhar por todo o terreno e garantir que os demais não sejam afetados por ela.

Tirava uma seringa de um bolso e retirava um pouco de seu próprio sangue, despejando um pouco do veneno nele. O sangue reagia imediatamente ao contato e isso me fazia sorrir.
- Isso é forte, mas posso garantir alguns minutos de resistência. Estou pronto para irmos.

Midori observava a pequena criatura a rodeando enquanto Hotsu fazia algo estranho com suas plantas. Erguia levemente uma das sobrancelhas, se sentindo catalogada, mas finalmente Hotsu se focava no objetivo.

- Não conheço alguém melhor para ajudar nessa questão dos selos do que Takanagi...
Sim, Tatsuma deve estar a salvo em Tetsu.

Enquanto Hotsu fazia uma sequência estranha de experimentos com seus venenos, a kunoichi se virava um pouco, depositando um papel no chão e fazia selos, furando o dedo e riscava um ideograma. Takanaki surgiria ali de um portal.
A mulher se ergueria e seguraria em um dos braços do homem dos selos, o trazendo para perto e o olhando diretamente com aquela seriedade e lhe falava calmamente.

- Takanagi escute, não temos tempo.
Você deve selar imediatamente o templo onde iremos para impedir uma fuga de Vincent. Depois você entrará lá com Hotsu, e precisarão reverter o que aquele Kyouke fez com os selos nativos do templo e possibilitar que todos os reféns possam sair...
Já tem muitos la dentro sem poder sair, permanecerei do lado de fora usando meu poder para qualquer necessidade.
E por mais difícil que seja, silencio. No mais, Hotsu irá guia-lo.
Compreendeu?

Soltava Takanagi virando o rosto e cruzava os braços, olhando para os dois fazendo um sinal positivo.

- Por mim, podemos seguir.

Aparecia com uma expressão enfezada, mas arregalava seus olhos pelo contato quase imediato com a Shinobi, e se curvava um pouco a olhando nitidamente intimidado.

_ Mulher!?...

Respirava fundo com uma cara embravecida quando era largado por ela, com a face pálida corada, esfregava a ponta dos dedos e longas unhas e repassava as informações enquanto se recompunha daquela maravilhosa investida.

_ Hn... Selar templo contra o Kyouke insuportável, consertar selos do templo... Selos de contenção presumo...
oh...me tira muito do sério...
Olá...Sou Takanagi.

Olhava então para o rapaz presente de forma analítica assumindo que ele seria Hotsu, e observava curioso o pequeno lobo bonitinho que estava por ali.

_Interessante... <3


off: como o tempo na casa da Baiken ta levemente mais atrasado, narrarei a abdução na próxima ação.

Estranhava a forma como aqueles dois se comportavam um com o outro, mas ter um especialista ali poderia os ajudar de alguma forma. Ainda pensava em adentrar o espaço de Vincent e simplesmente o tornar uma presa fácil com uma investida surpresa, mas se eles desejavam tomar medidas além dessas não iria negar.

- Certamente os selos atualmente não se encontram mais nos mesmos lugares originais, Vincent não os teria colocado em algum lugar que não pudesse os controlar... Pelo menos eu não faria isso.

O pequeno canino saltava para meu ombro enquanto me injetava com uma das ampolas que havia feito anteriormente, seu sistema já tinha alguma resistência mas o reforço seria necessário. Olho Takanagi rapidamente.
- Se pretendem prender ele, sugiro primeiro criar sua própria barreira para o deixar preso. Midori-san, Acredito que possa fazer isso imediatamente, irei na frente para o templo, lance suas vinhas para que possamos paralisar ele, deixa comigo sobre a resistência dos demais.

Desaparecia assim que terminava de falar.

- Nos encontramos no telhado.

Midori preparava o portal de retorno, e ao fim do falatório fazia um sinal positivo, atravessando o portal e sumia do portal da companhia de Takanagi.