Vila Kyouke

Mais um vilarejo do que uma vila propriamente, essa era o local onde as famílias Kyoukes viviam, se encontra em um ponto um pouco acima da mata e ainda era coberta por ela para evitar que fosse identificada.

O estilo de vida dos Kyoukes parecia simples, casas normalmente pequenas e de madeira com no máximo dois cômodos. Nenhuma estrutura no local indicava um forte comercio entre os locais, embora houvessem locais facilmente identificados como forjas e casas de ferreiros. O vilarejo estava abandonado, várias casas não passavam de uma ou duas paredes em pé.

O local circula vento em abundância, em alguns períodos do dia é possível ouvir os sons dos ventos cortando a montanha.

Após o encontro com o urso dentro da mata fechada meu humor tinha piorado bastante, havia seguido pelo território do animal até quase sair de entre as árvores. Me forçava a acreditar que sabia como chegar até aquele lugar por puro instinto.. Já havia notado que não haviam mais trilhas escondidas ou camufladas, mesmo meu outro eu achou aquilo de alguma forma estranha.
"Parece que não tem ninguém mais aqui. O que pretende encontrar?!"
"Os velhos não teriam ido embora, aquele é o lar deles. Kyosho deve ter tirado o resto daqui, se acalme"

Caminhava entre as casas abandonadas do local sem conseguir ouvir nada com o barulho do vento cortando as montanhas, que para mim era como estar no meio de um furação ali. Desde que tinha perdido a visão tinha percebido o quão apurada minha audição havia ficado, quase não precisava mais da kekkei genkai para fazer alguma coisas apenas por causa desse sentido.
"Estamos surdos aqui"
"O que?! "
"Por que ainda tento?!"

Seguia sempre em contato com alguma parede, algumas sentia que não poderia me apoiar muito e tentava apenas as tatear para garantir que estava indo por um caminho seguro. Sinto um cheiro no ar, alguém estava ali.. O cheiro parecia familiar, mas era diferente de alguma forma incomoda.
- Tem alguém ai!? Responda!

*Já faziam alguns dias que estava naquela vila abandonada. Havia sido deixado nas proximidades do local quando fora resgatado da prisão que Baiken havia me deixado para mofar. Não sabia se deveria agradecer a invocação que havia me tirado de lá, ou se deveria me preocupar com a dificuldade que havia tido de chegar ali inteiro. Tinha um braço completamente enfaixado junto ao corpo e vários cortes pelo corpo, havia esperado pela vinda do garoto e pelo visto a invocação estava certa*
- Bem vindo Henzo. Pensei que nunca mais teria que ver seu rosto.

*Olhava o garoto de longe, acima de uma das casas ainda inteiras. Henzo não demonstrava uma situação melhor do que a minha, era uma surpresa o rapaz cego ter chegado tão longe. Me perguntava se ainda estava em condições de raciocinar direito*
- Você parece cansado demais para ficar discutindo. Será que finalmente conseguirei ter uma conversa decente com vocês?

*tinha que gritar para ser ouvido naquele momento, o vento da montanha uivava forte*
- Garanto que não estou aqui para te arrastar até tetsu ou ookami. Estou aqui para te ajudar.

Tentava seguir a voz de Tatsuma, mas o vento forte me impedia de ter certeza de onde ele estava. Não sabia como ele havia chegado ali antes de mim e muito menos como saberia que iria para lá, aquilo tinha com certeza alguma coisa haver com Kyosho.
- Ainda procurando alguém para descontar suas frustrações?!

Se ele estava ali era um risco muito grande continuar, provavelmente mais Kyoukes estavam me esperando ali e de alguma forma conseguiam esconder seus cheiros e presenças.
"Temos que sair daqui!"
"Por quê?"
- TEM UM MALDITO CHUNNIN NOS PERSEGUINDO!

Me irritava com a voz e seu jeito idiota de ser, agora só faltava ele querer realmente seguir com os planos de Kyosho ou outra idiotice completa, como se voltar para o templo já não fosse isso de qualquer forma.
- Você querer me ajudar é uma piada! Deve estar aqui a mando do Kyosho, Baiken me liberou daquela vila dela, Semba não existe mais. Cansei de ser ninja para agradar alguém, só quero ser deixado em paz!
"Que bravo! Deixe de ser criança e vamos ouvir o que ele..."

- GRrr!

Meus nervos dos braços se ativam sem meu comando enquanto sinto de alguma forma minha mente ficando longe, conhecia a sensação e não gostava dela. Tatsuma poderia me ver fechando os olhos para logo em seguida os abrir lentamente, os olhos ganhavam vida assim que os abria e encaravam fixamente para Tatsuma.
- Grrr!!
"Você deixou?! Você ficou louco?"

Em um salto parto em uma investida direta e muito rápida contra Tatsuma, minha boca aberta como se planejasse arrancar um pedaço do chunnin. Internamente tentava entender o que estava acontecendo, podia sentir que algo estava muito errado e agora conversava comigo mesmo olhando para uma corrente esticava para um imenso vazio
"Ele se soltou?"
"Não, ele não teria conseguido. Ele estava dormindo"
"Você se distraiu não foi?! BAKA!"
"Não poderia deixar você fazer o que bem entendesse quando alguém tenta nos ajudar!"
"Ele está aqui para nos levar de volta!"
"E qual o problema disso?"

*Henzo ainda discutia consigo mesmo, algo perigoso demais para ele, Olhava a reação que viria em seguida e ouço sua pergunta irritada sobre eu star ali, ele estava confuso e com certeza com medo*
- Kyosho me tirou a prisão para que eu te encontrasse, elê quer que eu te ajude. Não precisa ser o que não quer, mas tem que me deixar te ajudar!

*Em um instante o garoto começava a rosnar e tinha seus nervos despertou, aquilo era o pior sinal possível de que Henzo era perigoso demais até para si mesmo. Como se tivesse se transformado o garoto parece enxergar novamente, mais bestial do que humano agora e ainda rosnava e em um salto cobria nossa distância*
- Henzo! Se controle!

*Giro meu corpo para que o garoto acertasse diretamente meu braço inutilizado, enquanto batia forte meu pé no chão. Henzo me morderia, enquanto o teto da casa que estava desmoronava e nos fazia cair em uma armadilha. Já esperava uma reação e estava preparado para conter o garoto*
- Volte a si! Não vou te fazer mal!

*seguro uma corda que derruba um líquido fedorento e quente em nos dois, os sentidos aguçados do garoto seriam afetados de forma intensa, sentiria seu corpo queimando e seu olfato e paladar afetados de forma anormal... esperava que aquilo fizesse tentar se afastar e isso o faria ficar ainda mais preso na armadilha*
- Ainda é cedo demais para você, suma besta e deixe que o garoto viva. Vai apenas matar os três!

*Mordia o braço de Tatsuma forçando os dentes contra o membro inútil do ninja, não ligava se ele não sentisse algo ou qualquer coisa do tipo. Assim que mordia uma onda de choque disparava de meus dentes, a força da mordida fazia tecidos serem atravessados até que pudesse chegar ao osso do braço. O chão sumia sob nós e isso não importava*
"Não podemos deixar ele controlar! O que acha que estou fazendo?!"
- GRRRR!

*A descarga elétrica continuava e como deveria ser ele não poderia se mexer, infelizmente não havia aplicado o suficiente para que ele se calasse. Tinha certeza que não deixaria ele sequer consciente. Sinto o ardor do líquido caindo sobre mim, o cheiro repugnante me fez soltar o chunnin como se ele mesmo fosse a origem do cheiro, me afasto e sinto algo em minhas costas. Agarro as cordas as forçando, os fios ao toque eram finos e resistentes*
- GRRR!
"Ele conseguiu uma brecha, puxe!"

*Em minha mente havia uma corrente, sentia raiva, sentia medo. Quatro mãos puxavam a criatura que se debatia*
- Por! Que? Não... Ataca?!

*Lutava contra as cordas e por dentro contra as correntes. Podia ver Tatsuma acoado enquanto sentia os dois, que eram um, me forçando ao confinamento e rugia em raiva*
- RRRRRRRR

*O efeito da mordida de Henzo era nulo, por um momento pensava que estaria acabado quando viu que o garoto emitia eletricidade ao morder, o braço que Kyosho havia incapacitado parecia não ter mais ligação com o restante do corpo e não era afetado pelo jutsu de Henzo. Assim que caímos e noto que Henzo havia sido pego na armadilha uso uma kunai que tinha em um bolso para cortar uma pequena corda, a rede que nos envolvia era suspendida e o meu lado ficava solto deixando apenas Henzo preso*
- Não vai poder sair dai agora. Não posso usar chakra graças a Baiken, mas isso não significa que estou indefeso.

*Sento no chão enquanto via Henzo e seu estado*
- Ainda tenho todas as minhas técnicas e habilidades, não sou como você. Menos ainda como isso. Quero ter uma boa conversa com o henzo verdadeiro, que tal me deixar falar com ele?

*Puxo uma tarja de um bolso e mostro para o garoto. Os fios da rede que ele estava preso tinha um cheiro estranho, que se distinguia até mesmo com o cheiro do líquido que havia em nós dois*
- Não me obrigue a te deixar dormindo novamente, sem meu chakra não posso fazer isso de forma sutil. Sugiro que desative seus nervos, o cheiro é insuportável mesmo sem eles ativos.

*No meio da confusão entre Henzo e Tatsuma uma pequena agulha de chakra atingia as costas do gennin, seu chakra se extinguia e a personalidade que o dominava adormecia*

- GRRRAAAA!!!!
*Urrava, um misto de ódio e desespero, lutava contra as cordas que me prendiam como um animal preso em uma armadilha. Forçava as cordas até que elas ferissem*
"Como disse, fracos, um chunnin sem chakra nos aprisionou. Eu nunca cairia nisso, culpe essa besta!"

*Sentia os cheiros enquanto Tatsuma ainda falava, não ligava para o que o outro falava e nem para o que ouvia dentro de minha cabeça. Rosnava de ódio e lutava contra as cordas até que algo mudava, sentia uma pequena dor nas costas e então tudo ficava escuro até que se sentia novamente adormecendo. Minha mente finalmente voltando, olho Tatsuma com cara de espanto por não entender o que havia acontecido*
- Pare Tatsuma!

*Desativo a kekkei genkai para provar que estava novamente no controle*
"Não seja um imprestável e finalmente ouça alguém"

*Olhava tatsuma sem entender*
- O que aconteceu comigo?!

*Via que Henzo finalmente parecia ter algum controle sobre seu corpo, havia realmente pensado que teria que usar a força para tentar parar aquilo e pelas histórias que havia ouvido poderia ter que matar ele para que isso acontecesse. Respiro aliviado e abaixo a tarja, caindo no chão em seguida*
- Você quase me matou garoto, pensei que teria que destruir essa vila inteira para te parar... Acha que é uma boa ficar por ai sem nenhum tipo de controle?!

*Apoio a kunai sobre a corda que prendia a rede onde Henzo estava preso*
- Mas, como afinal você conseguiu? Isso é estranho, você nunca havia mostrado controle suficiente. O que aconteceu Henzo? Me explique antes que eu te tire dai.

Os dois jovens pareciam confusos, mas a agitação havia passado. O mais novo dos dois estava sob controle, por enquanto, e o mais velho não passava de uma pessoa comum graças as ações dos kages que o debilitaram ao ponto de ser uma pessoa sem a menor condição de agir na situação que se encontrava. Em um movimento rápido entro naquela ruina e me coloco a frente de ambos.
- Obviamente, você não acredita que ele tenha qualquer noção do que poderia ter ocorrido. Tatsuma, se não estou enganado. Duas crianças perdidas e jogadas aos lobos, vocês tem corrido atrás de seus rabos por muito tempo, acredito que está na hora de acabar com esse sofrimento de vocês.

A atmosfera do lugar poderia ser pesada para aqueles dois, havia selado um dos pontos de chakra de Henzo e ele não incomodaria com suas trocas constantes de personalidade enquanto estivesse sob efeito da descarga de energia que havia na agulha que o controlava. Tatsuma era pouco mais do que um lutador treinado, sem poder moldar seu chakra e sem o controle de um de seus braços era menos capaz de se defender do que Henzo.
- Infelizmente estou sem tempo até que os perseguidores de Henzo cheguem até aqui. Mas, primeiro, Tatsuma, peça que o seu espião se mostre, odeio como seu mestre faz as coisas e ele não deve ter sequer autorização para te tirar daqui sem o garoto, então ele será inútil se escondendo nas sombas.

Dava um olhar irritado para Tatsuma.

*Sentia como se tivesse algo o incomodando, mas não tinha como saber o que havia acontecido e menos ainda explicar qualquer coisa ao Tatsuma. Meus sentidos estavam confusos e ainda lutava contra as cordas*
- E-eu...

*Ouço a entrada de uma nova pessoa naquela casa, tentava reconhecer seu cheiro ou sua voz sem sucesso. Quem era aquela pessoa, percebia que ele tinha um tom como se tudo estivesse sob seu controle de alguma forma e sua fala indicava que ele sabia o que tinha acontecido ali*
- Quem é você?! Mais um sabe tudo que acredita que pode mandar na vida das pessoas? Qual o problema de vocês em não saber deixar os outros viverem em paz?!

*Ouço a palavra perseguidores. Como assim? Tinha certeza de que tinha evitado qualquer possível foram de ser seguido por Mayli e qualquer outro que tentasse, além disso Baiken havia o prometido que estava livre para seguir sua vida sem mais ser incomodado pela vila ninja. A raiva me preenchia*
- Mais enganações, não tem ninguém nesse maldito mundo que não tenha a necessidade de meter o nariz onde não foi chamado?!

*Uma sensação de medo se forma quando ouço a voz de Vincent, aquele era o pior momento possível para ter que lidar com alguém como ele. Sem poder usar o chakra, sem um dos braços, num espaço apartado e precisando proteger Henzo. Encarava o homem de roupas vermelhas com um olhar firme, embora sentisse o tremor diante da situação*
- Pensei que Baiken-sama havia te tirado de circulação em Tetsugakure. Como pode ter a coragem de aparecer nesse lugar depois de toda desgraça que trouxe para nosso clã?

*Tentava manter a calma, mas sabia que era inútil tentar esconder que estava na pior situação possível. Ele falava de um espião nas sombras, sentia mesmo que era acompanhado, mas não tinha conhecimento de quem ele falava. Tão logo ele havia dito aquilo, porém, vejo a sombra de Hattai se formando saindo de um dos cantos daquela casa, fazia tanto tempo que não o via que a presença dele me fazia ficar aliviado, o lobo seria uma ajuda importante naquele lugar*
- Hattai-san, que bom que está aqui.
[Hattai] - Sua percepção continua boa, mas está enganado sobre minha missão aqui. Eu sou a principal defesa desses dois, não a rota de fuga.

*O lobo tinha altura suficiente para quase tocar o teto da casa, o lobo ocupava quase metade da sala onde estávamos e tornava o lugar ainda mais apartado. O animal olhava para Vincent exibindo seus dentes afiados*
[Hattai] - Está na hora de deixar eles em paz, saia agora e só terá que lidar com Tetsu.

Mantinha os olhos onde o Hattai aparecia, o lobo era uma invocação experiente e poderia representar algum problema se simplesmente deixasse ele nas sombras ao lidar com os dois garotos.
- Henzo, não há enganações aqui além das que seu dono te contou. Assim foi com o arrogante que está tremendo de medo, mesmo com sua baba de seu lado. A presença do cachorro aqui é prova disso, nunca foi algo que qualquer um dos dois poderia fazer sozinho.

Tinha os olhos vermelhos cravados no lobo enquanto com um movimento arremessava uma shuriken para livrar Henzo de sua condição de cativo. O garoto cairia no chão, tão impotente quando o outro.
- Foi um incomodo ter que cobrir parte de seus rastros até aqui. Sinceramente, tão preocupado com ser visto pelo ar, que sequer considerou que poderiam te achar facilmente por terra.

A voz saia preguiçosa, como se tudo aquilo fosse entediante. Levanto o mão apontando para Hattai, o único que teria alguma condição de lutar, mostrava uma marca comum de invocações como ele. Suas últimas palavras eram seguidas de um som de explosão que faziam com que tanto a mim quanto Henzo sumíssemos do local.
- Espero os dois no topo. Kai!

*Hattai salta contra a fumaça deixada por Vincent em seu jutsu, pensar que Henzo agora estava nas mãos de um psicopata era ainda pior do que apenas pensar nele sozinho e sem visão pelo mundo. Talvez esse era o motivo de tanta proteção com o rapaz, ele era o mais vulnerável. Sentia raiva de ter deixado aquilo acontecer*
- Hattai-san, ele falou no topo. Será que ele está mesmo no templo?
[Hattai] - Sádico como ele é, não tenho dúvidas. Mas preciso de você inteiro para seguirmos.

*Hattai aproxima o focinho de meu braço e profere a palavra de cancelamento do Jutsu que havia sido imposto. Sinto o braço formigar enquanto a dor da mordida de Henzo começava a incomodar bastante e me fazia sorrir de sentir o membro de volta ao normal... Olhava o lobo com indignação*
- Você me acompanhou esse tempo todo escondido, podia ter me livrado desse maldito jutsu o tempo todo também! Que droga Hattai-san, pensei que fossemos amigos!

*Sentia o lobo rindo de mim*
[Hattai] - Você torturou um garoto e uma menina que estavam desesperados, acha mesmo que ficar umas semanas sem mover um braço é uma punição pesada? Deveria ser preso e espancado até quase morrer esse tempo todo até entender o quão cruel e inútil foram suas ações.
- Tsc! Que saudade do tempo que você ficou sumido.

*O lobo mordia meu braço bom e o deixava com mais dor do que o outro*
[Hattai] - Cale a maldita boca e vamos andando!

"Desgraçados, realmente não se importam."

*Após aquele período de busca, com trocas de informações entre o time de busca, Baiken e seus aliados, repasse de relatórios para Ookami, que até então não havia oferecido qualquer ajuda ou parecer, finalmente haviam alcançado Vincent e Tatsuma. A uma altitude de aproximadamente 1000 metros, os olhos de Azura focalizavam os alvos avistados por pequenas aves da rede de observação que havia criado, que se moviam pela região.*

“Finalmente.”

*Direcionava um olhar para seu falcão branco, que tinha tamanho ampliado o suficiente para carregar dois shinobis consigo, e sem delongas, ambos mergulham em grande velocidade em direção ao solo, onde estavam Tatsuma e Hattai, e até pouco tempo atrás, Vincent e outro garoto.
No sopé da montanha, de repente, um grande gavião absurdamente veloz surgia fazendo uma manobra rasante agarrando firmemente o jovem Tatsuma com suas garras. Apesar do ato, o animal o livrava de 80% do impacto, que por si só poderia facilmente fazer qualquer pessoa desmaiar ou até mesmo morrer. Ele não o rasgava, apenas o prendia com firmeza, parando 10 metros além de Hattai, observando o lobo Kyouke com seus grandes olhos atentamente.
Um dos ninjas lançava três selos ao redor deles enquanto descia do animal, se aproximando de Tatsuma.*

_ Tatsuma Kyouke. Está interceptado por Tetsugakure. Favor não oferecer resistência. Seu regresso à Tetsugakure deve ser imediato.

*A mulher pousava entre os dois e mantinha suas asas em posição de ação, assim como sua postura de batalha, focalizava Hattai imediatamente sem saber se haveria qualquer reação.*

- Azura Shinsira, capitã da divisão de vigilância e rastreio de Tetsugakure. Missão de interceptação dos fugitivos Tatsuma e Vincent Kyuke.
Está ciente da periculosidade deste último? Sabe informar seu paradeiro?

*Sentia a mordida do lobo e quase sem tempo para poder reagir ouvia a aproximação de algo grande e veloz. Hattai eriçava seus pelos e apenas me soltava vendo meu corpo sumir de sua frente e erguendo a cabeça em um uivo estrondoso que fazia o ar explodir. Sentia as garras se fechando ao meu redor e uma lágrima corria num choro infantil*
- Hattai-san!!!! Me ajuda!!!!!!!!!!!!

*9 lobos cercam a ave, com Hattai fechando a passagem e se aproximando calmamente. Em sua forma original o lobo tinha tamanho para competir com um grande urso e sua voz era um rosnado irritado para aqueles que surgiam*
[Hattai] - Larga o garoto, de onde eles vieram mais podem vim. Se machucar um dos filhotes a matilha irá fazer até o céu ser perigoso para você.
- Passarinho bonzinho, me larga vai.... *Sniff*

Observavam o lobo gigante uivando e logo em seguida vários lobos surgindo ao redor de Hunter, e enquanto isso o rapaz capturado começava a se comportar como uma criança. O shinobi que estava próximo a ele apenas fazia um selo com as mãos, tocando um dos selos no chão, enquanto Azura agitava suas asas, se erguendo a uns 5 metros após o aviso de ataque dos lobos, voltando a olhar para Hattai tentando sanar sua confusão calmamente.

- Oh não. Tatsuma não oferece risco. Ele não está sendo machucado.
Hunter está apenas o contendo. Ele estará seguro em Tetsugakure, de onde foi retirado. Pode pedir para seus amigos lobos se acalmarem?

Enquanto isso, um portal negro em forma de semi-esférico aparecia em curto raio ao redor de Hunter, engolindo Tatsuma em um breu completo. A ave batia as asas, lufando uma grande quantidade de vento ao seu redor, tomando cada vez mais altitude, e soltava Tatsuma dentro do portal antes que o mesmo se fechasse.

- Preciso de informações a seu respeito de Vincent para poder ajudar. Seus amigos lobos também estão ajudando o outro garoto Kyouke? Ele está na posse de Vincent, não está?
Se sim, seu amigo está correndo risco de vida no exato momento. Sabe para onde eles foram, sr lobo?

A mulher olhava diretamente para Hattai com a mesma objetividade pacífica, aguardando uma resposta. Não iria trabalhar com a hipótese de que tinham tempo.

*Sentia seu corpo ser erguido pela ave e se desesperava, claramente ela iria me levar para um ninho cheio de filhotes gigantes para me dar de comida.... Seria regurgitado para filhotes gigantes! Se agarrava as garras do animal as forçando até ver um buraco negro abaixo de nós e me agarrava as penas do pássaro*
- Não quero virar minhoca!!!!

*Tanto Hattai quanto os demais lobos não se afastavam, pelo contrário começavam um movimento circular enquanto o maior se aproximava ouvindo as palavras da mulher Shinsora a sua frente. Hattai normalmente apenas se comportava como um conselheiro de Tatsuma ou um companheiro, mas nesse momento mostrava sua verdadeira função como guardião*
[Hattai] - Sua vila teve a oportunidade de tratar desse fedelho. Mas ele é necessário aqui, de preferência inteiro. Você fez o primeiro ataque, estamos apenas nos defendendo e como disse, o céu não é seguro.



*Um uivo vindo do alto da montanha denuncia o ataque de outro lobo, esse maior do que o normal, sobre a ave que suspendia Tatsuma para um jutsu desconhecido. A coordenação dos lobos era instintiva, mas denunciava que resistiriam mesmo com desvantagem*
[Hattai] - Se deseja que nos acalmemos, é melhor começar a não parecer uma ameaça. Coloque o garoto no chão, esse lugar é nosso lar, vocês tiveram autorização para chegar até aqui sem que nos intrometêssemos mas não tem para levar um dos nossos!



*Azura lembra do aviso que havia recebido, evitar conflitos. Hattai tinha os olhos vidrados na Alfa, mesmo tendo outros ninjas que poderiam ser um problema. A montanha possuía cavernas e árvores que permitiam que os lobos surgissem de diversos lugares e Hattai parecia confiante de que poderia agir mesmo se eles usassem o céu como vantagem*
- Me deixe acordar o rapaz e colocar a criança para dormir, está na hora de recuperarmos nosso outro filhote e vocês seriam de mais ajuda como aliados do que como inimigos nesse momento.

Vendo e ouvindo o ataque anunciado por Hattai e o uivo do lobo imenso que vinha descendo a montanha, Hunter em vez de subir, apenas recolhia as asas e mergulhava no portal, que sumia com ele, os dois ninjas e Tatsuma. Era o caminho mais curto, pacífico, além de seguro para Tatsuma.
Azura observava a cena com decepção, erguendo seu voo em maior altura e para distante da encosta, a mulher sobrevoava de longe, atenta à matilha e novas surpresas lupinas.
Hattai estava sendo incoerente. A não ser que a pretensão deles fosse fazer seus companheiros correrem risco desnecessariamente.

- Por que está fazendo isso Sr Lobo? Por que está nos atacando? Não temos pretensão de entrar em conflito com vocês. Se o senhor tem conhecimento de nossa permissão para estar aqui, também tem conhecimento do nosso objetivo, e sabe das nossas intenções. Por que nos deixariam chegar até aqui se não concordassem?
Não houve ataque, e sim interceptação. Ele não sofreu qualquer dano.
Ele foi roubado de nós no meio desta “oportunidade”. Estamos apenas o reavendo para sua própria segurança, pois ele não está inteiro!
...
Desculpe sr Lobo, eu não tenho controle sobre como lhe pareço.
Já me identifiquei, deixei claro minha missão, não tenho qualquer pretensão de batalhar com vocês. Não são meus inimigos, muito menos meus alvos.
Não posso por em risco vidas apenas para que vocês se acalmem, e gostaria que tratasse de qualquer descontentamento burocrático com seus superiores. Tatsuma pode ser um filhote do seu clã, mas serve oficialmente à Tetsugakure. A comunicação dele com vocês nunca foi barrada. Então não estamos roubando nada de vocês, apenas reavendo o que é de nossa responsabilidade e nos foi tirado danificado e estava correndo risco. Se ele é necessário aqui como diz, eu acredito, mas sugiro que negociem com seu líder. Não foi o que nos foi passado, e está fora do meu poder.
...
Por favor, pela ultima vez Sr Lobo, se o senhor tem zelo pelos seus, e quer ser útil, me conte o paradeiro de Vincent Kyouke. Me ajude a ajuda-los! Se aquele garoto que os acompanhava estiver com ele, está correndo risco de vida. O Sr lobo quer ser responsável por isso? Por que esse filhote tem valor diferente do outro?

Seria o último pedido, Azura não podia perder o foco de seu objetivo esperando a boa vontade de indivíduos alheios à missão. Não pretendia que ninguém fosse ferido por um criminoso com Vincent, precisava impedi-lo o quanto antes, com ou sem a aprovação da matilha. A todo momento sua voz era calma, mas tinha um tom de tristeza e decepção pelo curso que o incidente tomara.

*O sumiço dos quatro faz com que uma parte da matilha ataque o portal que logo desaparece os deixando sem o tempo para fazer algo quanto a ausência de Tatsuma. Um uivo triste é emanado por um dos menores lobos e faz com que 4 dos outros desapareçam como se dispersos no ar. Hattai olha com raiva para Azura*
- Você pode fantasiar o quanto quiser, você nos atacou sem qualquer aviso. Ter freado o ataque para não matar o rapaz não é sinônimo de boa vontade. A segurança dele é com a matilha e não com vocês que o aleijaram, Tatsuma nunca foi de Tetsugakure, ele foi enviado como um braço Kyouke a vocês. Ainda assim, quebrado ele é necessário nesse momento. A importância dele é para salvar o outro filhote, mas não parece tão interessada em ouvir e sim em cumprir uma ordem de o capturar para os fins de sua mestra.

*Três lobos começam a se distanciar para próximo de uma sombra na encosta até sumirem. A atmosfera era de ameaça vinda dos lobos restantes, o menor, o maior que havia saltado contra Hunter e Hattai. O menor claramente tinha alguma capacidade de invocar ou dispersar os outros, o maior tinha demonstrado uma capacidade de ser furtivo e Hattai mesmo tendo parecido invocar os se mantinha uma incógnita sobre o que realmente poderia fazer além disso*
- O filhote é um refém, sabe o que acontece com reféns quando pássaros gigantes tentam atacar seu captor?! Eles morrem. Seu bote num Kyouke é um suicídio, não te ensinaram nada sobre o que está lidando? Que tipo de proteção é essa?

*Hattai volta a andar em direção de Azura, os dois restantes o seguiam de perto.*
- Comunicação? Se não tivéssemos os meios para nos infiltrar em seu pequeno "plano" particular, ele estaria confinado sem acesso até que vocês escolhessem fazer dele algum tipo de exemplo. Eu estava por perto, eu vi os acontecimentos de ambas as noites.

*O lobo para abaixo de Azura e lhe encara olhando para cima*
- Desça e retorne o garoto. Assim terá o que deseja, não o faça e pode voltar para sua mestra. A matilha irá cuidar de Henzo.

Azura permanecia onde estava, fitando o lobo com cada vez mais impaciência. Aquilo poderia ser apenas uma tática para ganhar tempo em prol de Vincent, qual garania tinha sobre as palavras daquele lobo, se ele se negava a cooperar em um pedido claro de ajuda? Mas algo que ouvia a deixava no mínimo indignada.

- Ele foi sequestrado no meio de uma punição, sr Lobo. Até onde eu sei quem o “aleijou”, foi seu próprio lider.
... “Infiltrar em nosso plano”...O que stá dizendo? Que tudo isso é orquestrado? Além de não ajudar, ainda se deram ao trabalho de nos atrapalhar, ou por acaso está me dizendo que deliberadamente retiraram Tatsuma de Tetsu para ele servir a este...”propósito”...seja lá qual for?
Está me dizendo que não foi Vincent que o raptou, foi seu líder?
Não, eu realmente estou confusa. Isso é por acaso alguma data festiva com utilização de sacrifícios da sua cultura, da qual não fomos avisados, ou coisa parecida??
Porque o senhor me parece BEM consciente do tudo que está acontecendo aqui, mas curiosamente, escolheram nos deixar agir à própria sorte e esforços para tentar salvar a vida de alguém que deveria cumprir um “”propósito”” com um criminoso para salvar a vida de um segundo jovem???

“Mas que droga é essa!? Sabiam de tudo e deixaram que fizéssemos todo aquele esforço e acontecesse tudo isso sem nos comunicar?! Isso é realmente uma vila aliada??”

- Inacreditável.
Se quiser me explicar, me explique. Eu estou aqui PEDINDO por informações úteis, estou há dias lutando contra o tempo para ajudar suas pessoas sem qualquer ajuda vinda do seu povo. Não me acuse de desinteresse e pare de tagarelar, não me faça de idiota, sr Lobo. Se não tiver a boa vontade de me fazer entender os seus propósitos, não conte que lhe darei um voto confiança e o que quer de mão beijada, após o que acabei de ouvir. Vocês não nos sabotaram! Sabotaram a vida daquele garoto que está na posse de Vincent, como refém.
Pela ULTIMA VEZ, eu estou pedindo. Coopere, aceite trabalhar em equipe. Me explique, o que está acontecendo, e se souber do paradeiro de Vincent, informe. Podemos fazer isso dar certo.

Havia urgência e indignação no olhar da mulher, mas mantinha o interesse no objetivo.

*Hattai começa a ouvir a mulher e desiste do dialogo ou qualquer interação com a mesma. Ele se vira suas costas para ela enquanto os outros dois lobos ficam em prontidão para qualquer ação da mesma e começa a se afastar com sua voz menos parecendo um rosnado*
- A senhora não é bem vinda nessas terras, sugiro que saia imediatamente antes que cause mais problemas. Tetsugakure pode estar preocupada em reaver Tatsuma e Vincent, mas a Matilha está apenas interessada em manter Tatsuma e Henzo vivos. Quando terminarmos deixarei o corpo sem vida daquele demônio ao seu alcance.

*Ele se afasta indo por um caminho que seguia subindo a montanha, apenas se virando um instante para uma última frase*
- Não espere que a Matilha a perdoe se algo acontecer ao filhote que levaram. Não será comigo que terão que lidar se isso acontecer.

*Uma fumaça branca surge ao seu lado enquanto os dois lobos começam a se afastar de Azura. Da fumaça um jovem que aparentava ter uns 12 anos começa a andar ao lado de Hattai*
[Hitsuu] - Desculpa Hattai-san, eu tentei, mas o portal se fechou muito rápido.
[Hattai] - Não se culpe. Deveríamos ter impedido eles de chegarem até aqui, pensávamos que eles poderiam ajudar. Kyosho-sama desejava que Henzo aprendesse com um jovem como ele, mas teremos que lidar com o que estiver a frente.

*Os lobos começam a entrar em uma sombra próxima a montanha e sua pelagem parecia se mesclar a elas. Azura poderia lembrar dos contos sobre os guardiões da floresta, as lendas de lobos que protegiam os caminhos daqueles que entrassem na floresta sem nunca serem vistos, aqueles lobos pareciam poder sumir em meio a natureza como se fizessem parte dela*

Azura cruzava os braços e estreitava os olhos para a atitude do lobo. Ele havia simplesmente desviado da conversa, e estava se retirando de cena. Não podia força-lo a cooperar, mas não compreendia por quê se negava se tinham os mesmos interesses.

“Que criatura mais estranha e prepotente. Será que ouviu algo que não gostou?”

- Humpf. Ta certo, Sr Lobo. Vou lembrar disso.

Ficava o observando em silêncio toda a coisa da transformação dos lobos em gente com alguma estranheza, e percebia sobretudo a direção para onde iam. Ela olhava para cima, lembrando de ter visto uma construção no topo daquela montanha enquanto se direcionava para o topo de uma árvore alta próxima, onde pousava se equilibrando.
Tentava analisar qualquer dado interessante e sugestivo que pudesse extrair daquela experiência.

“Por que eles precisam de um garoto para salvar o outro?
Como podem ser tão prepotentes? Acham mesmo que irão derrotar Vincent sozinhos?
Ocultaram informação de propósito...
Será o equilíbrio tão tênue quanto parece...?”

Com um assovio baixo, a mulher chamava um pequeno colibri que estava na mesma árvore. E o pequenino vinha pousar em sua mão. Ela o olhava fixamente durante um curto período de tempo, fazendo selos, e depois o deixava ir.
Pensava sobre as dicas que poderia extrair daquela conversa, enquanto buscava um selo de papel em suas vestes.

“...”

Aplicando-o sobre o lenho da árvore, a mulher fazia novos selos e o tocava.